Dizem que foi por ciúme.
Era mês de junho e o frio começava a incomodar os amantes do calor.
Ele adorava o frio, principalmente quando Ela passava a noite em seus braços e em sua cama. Ele era calmo e sereno como o frio do outono. Ela era desassossegada, inquieta e sedutora como o calor do verão. Davam-se bem, é verdade, mas parecia que a serenidade dele não conseguia domar a inquietude dela.
E não domou...
Um Outro Ele apareceu e Ela se tornou outra. Ele não entendia, tentava buscar explicações em si mesmo para a estranheza dela. Não conseguia... insistia... procurava... até que descobriu o Outro Ele.
Sentiu o calor da raiva e do ciúme e nada conseguia aliviá-lo daquele fogo. Tentou aliviar-se nas palavras derradeiras dela, no entanto o Outro Ele colocava-se entre cada um dos longos silêncios que gritavam.
E então Ela se tornou Aquela, talvez Aquilo. Ele deixou de ser um pronome e se tornou um nome numa minúscula notinha de jornal. O mar foi seu único e último alívio.