A CASA NO ALTO DA MONTANHA - PARTE IV
-- Tem uma porrada de chaves aqui. Como vou saber qual que abre essa porta?
-- Traga todas, homem! – bradou o Sr. Zé Pedro.
O homem pegou as chaves que encontrou e as levou.
Havia chaves de diversos tipos e tamanhos. Algumas estavam enferrujadas, outras, porém, pareciam que foram feitas a poucos dias.
Não foi difícil encontrar a chave da porta. Via-se que a fechadura fora trocada recentemente.
O Sr. Francisco deu duas voltas na fechadura e num instante a porta entreabriu. A claridade invadiu o espaço e então puderam ver a escadaria que levava ao piso inferior.
Não era possível enxergar o final da escadaria. Por isso procuraram o interruptor. O qual foi encontrado ao lado esquerdo da parede.
Ao acenderem a luz, descobriu-se que ao final da escada havia outra porta. Os homens desceram as escadas. Era uma porta de ferro e fora colocada recentemente.
-- Estranho! Esta porta não estava aqui antes – comentou o Sr. Zé Pedro.
-- Eu não sei, porque nunca desci até aqui.
-- Mas nem precisa. Está na cara que esta porta foi fixada não faz muito tempo.
-- É mesmo – anuiu o Sr. Francisco. – Mas que diabos este homem esconde atrás dessa porta? – perguntou em seguida.
-- Eu sabia que tinha algo de estranho nisso tudo. Agora eu tenho certeza que, ao abrirmos esta porta, o mistério vai ser solucionado.
Além da fechadura, ainda existiam dois tricôs tão fortes que seria incapaz a qualquer ser humano arrombar aquela porta. Não se sabia o que estava do outro lado, mas fosse o que fosse, estava guardado a sete chaves.
-- Agora, Só falta não termos a chave dessa porta!
-- Calma, Seu Zé! Deixe-me ver se alguma dessas serve! – disse aquele que estava com as chaves. Olhou a fechadura e procurou no molho a chave correspondente. – Acho que é essa aqui.
Quando o Sr. Francisco levou a chave à fechadura, escutaram o barulho de carro. Alguém havia chegado. “Puta merda! Só me falta essa agora!”, pensou ele retirando a chave.
Os dois homens entreolharam-se e assustados subiram correndo as escadas. Talvez com o intuito de se esconderem em algum outro cômodo da casa. Nesse instante a buzina do carro disparou.
Antes de surgirem na cozinha, eles pararam para ver se não seriam visto. “Quem será que veio aparecer logo agora?”, perguntou-se o Sr. Zé Pedro. Pensativos, os dois homens cochicharam:
-- Será que o infeliz resolveu aparecer justo agora? – Inquiriu o Sr. Francisco.
-- Não, não deve ser ele não. Se fosse não ia buzinar.
-- Isso é mesmo!
O homem desceu do carro e ficou olhando através da janela entreaberta, a procura da presença de alguém na casa. A seguir, bateu palmas e chamou:
-- Ola! Tem alguém em casa?
Os dois amigos no interior da casa entreolharam-se novamente.
-- Quem será que ele está procurando? – inquiriu o Sr. Zé Pedro. – Vou lá fora ver o que ele quer. Acho que não vai ter problema algum.
-- Não sei não! – exclamou o outro. – Não é melhor aguardarmos até que ele vá embora?
-- Que nada! Pelo jeito não conhece ninguém aqui. Além do mais, seja lá quem está procurando está mal informado. E quem sabe ele nos pode até dar alguma informação sobre o dono da casa.
-- Nesse caso, você tem razão! – concordou o Sr. Francisco. – Toma as chaves. Vê se alguma abre a porta da cozinha.
-- Opa!... Pois não amigo! – Disse o Sr. Zé Pedro mostrando-se na janela pela qual entraram.
-- Boa tarde! – cumprimentou o visitante, ao aproximar-se da janela.
-- Boa tarde! Em que posso ajudá-lo. – O Sr. Zé Pedro experimentou as chaves até encontrar aquela que abria a porta.
O visitante se apresentou e perguntou pelo proprietário do imóvel. Então o Sr. Zé Pedro respondeu-lhe que ele não se encontrava.
O homem principiou a ir embora, mas o outro não queria perder a oportunidade de tentar arrancar alguma informação. “Se ele veio até aqui, é porque sabe que essa casa pertence a quem está procurando...”, pensou ele.
-- Eu também estava precisando falar com ele, mas acabei perdendo o telefone. Não sei como eu faço para entrar em contato com ele – mentiu. Foi a única desculpa que conseguiu inventar. – Por acaso o Senhor vai se encontrar com ele em Juiz de Fora?
-- Com o Sr Albério?
-- Eh! Com o proprietário! – exclamou o Sr. Zé Pedro. “Então ele se chama Albérico!... Pelo menos o nome já sei...”, pensou ele.
-- Não, não! Eu pensei que ele morasse aqui. Eu só tenho o telefone do escritório onde ele trabalha, mas liguei para lá e me disseram que ele estava de férias. Então pensei que poderia encontrá-lo aqui. Mas infelizmente vou ter que dar outro jeito. Pois precisava falar urgentemente com ele. – falou o visitante, parado ao lado do carro segurando a porta do motorista que estava aberta.
-- O Senhor não quer me deixar o telefone do escritório dele. Eu vou tentar encontrá-lo porque estou precisando de alguns materiais. Ele me disse para ligar que ele trazia da cidade, mas não sei como fazer. Pelo menos eu peço o telefone dele no escritório ou deixo a lista de material e eles entregam a ele.
-- Não sei se tenho aqui. Deixa-me dar uma olhadinha para ver se trouxe a minha agenda – disse o visitante entrando no carro. Procurou no banco traseiro sua agenda. Pouco depois levantou com um livro preto na não. – Deixe me ver! – falou, folheando o livro preto. – Aqui está. Você tem um pedaço de papel aí?
-- Não senhor! Só se eu der uma olhadinha lá dentro.
-- Não pode deixar. Eu devo ter por aqui.
O homem folheou a agenda até que encontrou um. Em seguida, retirou a caneta do bolso da camisa, anotou o número de telefone no pedaço de papel e o entregou ao Sr. Zé Pedro.
Houve ainda uma troca de diálogos por mais um minuto, até que o homem se despediu, entrou no carro e partiu.
O Sr. Zé Pedro voltou para dentro da casa e deu de cara com o amigo na cozinha.
-- Consegui o nome e o telefone do escritório onde ele trabalha – falou com orgulho, mostrando o pedaço de papel ao amigo.
-- Você é porreta mesmo, Seu Zé! Agora tudo fica mais fácil.
-- Claro que fica. Aposto que conseguimos mais informações do que o Seu Vicente. Duvido que ele vá descobrir muita coisa em Juiz de Fora. – O Sr. Zé Pedro sentia-se tão orgulhoso de si que até parecia que havia solucionado todo o mistério.
-- É verdade! Agora também nem interessa mais as buscas do Seu Vicente. Amanhã mesmo já saberemos tudo sobre esse tal de Senhor Albérico. É só ligarmos para o trabalho dele e perguntar onde ele mora.
-- Já que estamos com sorte hoje, vamos descer lá em baixo e abrir aquela porta. Assim a gente já fica sabendo o que tanto aquele homem esconde lá embaixo – chamou o Sr. Zé Pedro, com empolgação.
-- Não sei não! Mas estou com um mau pressentimento – disse o amigo, um tanto preocupado com todo aquele mistério acerca do proprietário da casa.
-- Que tem algo de muito estranho nisso tudo tem, principalmente porque aquele homem me disse que esse tal de Albérico está de férias.
-- Ele disse isso? – espantou o Sr. Francisco, mudando a expressão do rosto.
-- Disse sim. Mas se ele está de férias, então porque não vem aqui durante o dia. Que motivos ele tem para vir só durante a noite? – fez conjecturas o amigo.
-- Eu não te disse! Tem coisa podre nessa lama! – filosofou.
-- Vamos deixar de conversa fiada e vamos tratar de abrir aquela porta logo. Vamos tirar isso a limpo de uma vez por todas.
E assim os dois homens desceram às escadas convictos de que o mistério estava do outro lado da porta. Fosse o que fosse, ao abri-la, encontrariam a resposta.
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