No primeiro dia, algumas gotas do tal líquido preto saltaram por um pequeno orifício no meio da sala. Ele não viu. Apesar de ter passado por ela algumas vezes durante o dia, para ir e voltar do trabalho. não viu.
No segundo dia, formou-se uma pequena poça de água negra, manchando o assoalho. Não notou, novamente.
No terceiro dia, parte da sala estava inundada. Percebeu, ao sujar os sapatos, no caminho até a porta. Limpou-se, locomoveu-se por entre as partes limpas e secas, saltitando, e fez uma nota mental: Preciso dar um jeito nisso. Mas nada, ele fez.
No quarto dia, todo o chão estava coberto. E não havia por onde desviar para não sujar o sapato do líquido preto. Andou na ponta dos pés. E pensou : Realmente, preciso dar um jeito nisso. Mas nada, ele fez, novamente.
No quinto dia, a água atingia os joelhos. Percebeu que realmente tal vazamento era sério. E precisava fazer algo, urgentemente. Mas nada, ele fez, novamente, mais uma vez.
No sexto dia, as águas subiam e cobriam com velocidade, vorazmente, devorando todos os seus pertences. E seu próprio corpo. Foi acordado pelas águas negras, famintas. E o que fazer, ele pensava. Até que o líquido negro atingiu os tetos, ele prendeu a respiração, mas em dado momento, ele já não podia mais respirar... E nada, o fez.
No sétimo dia, ele descansou...
E foi assim que tudo começou.