Solitária. Definitivamente esse era o único adjetivo apropriado para emoldurar Marina. Nada, ninguém conseguia preencher aquele túrbido coração.
Sozinha. Realmente era só a Marina. Apenas ela e seu íntimo emaranhado; apenas angústias, que só ela amargava; apenas medos, que só ela alimentava; apenas desejos, que só ela pensava não ter.
Só. Absolutamente só. Somente Marina sabia que não era assim. Nunca soube que aquele tremor, que aquela respiração entrecortada, que aquela inquietação eram a cara da solidão se mostrando para ela.
Só. Infelizmente só. Felizmente?! Marina jamais saberá. Sabe apenas que quer fugir de si mesma. Está cansada. Cansada das emoções nebulosas, da gargalhada aprisionada na garganta, do grito solto na alma.
Só. Marina somente só. Assim ela ficará. Presa em si mesma, presa, finalmente, em sua absurda solidão.