Usina de Letras
Usina de Letras
28 usuários online

Autor Titulo Nos textos

 


Artigos ( 63460 )
Cartas ( 21356)
Contos (13307)
Cordel (10364)
Crônicas (22586)
Discursos (3250)
Ensaios - (10765)
Erótico (13601)
Frases (51964)
Humor (20212)
Infantil (5642)
Infanto Juvenil (4998)
Letras de Música (5465)
Peça de Teatro (1387)
Poesias (141391)
Redação (3379)
Roteiro de Filme ou Novela (1065)
Teses / Monologos (2444)
Textos Jurídicos (1975)
Textos Religiosos/Sermões (6387)

 

LEGENDAS
( * )- Texto com Registro de Direito Autoral )
( ! )- Texto com Comentários

 

Nossa Proposta
Nota Legal
Fale Conosco

 



Aguarde carregando ...
Contos-->A PUTA QUE PARIU -- 28/08/2003 - 22:17 (Caixa do Pregão) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Num bairro periférico de Brasília, Janaína espera um novo cliente. Rua bastante movimentada, inúmeras pessoas transitando a procura de diversão, gente de Taguatinga, Ceilândia, Samambaia e gente como Janaína, de outro estado.


Ela veio do interior do Pernambuco tentar a sorte grande na capital do País. Com o pai falecido de doenças de chagas e a mãe morta por falta de auxilio médico-hospitalar, quando ainda bebê, Janaína veio a Brasília quando ainda menina, embora tivesse corpo de mulher, para trabalhar em casa de família e tomar conta de crianças enquanto seus patrões trabalhavam. Tratada como membro da família exceto pela condição de que jamais seria herdeira dos bens de seus suseranos, Janaína resolveu desesperadamente buscar a sua glória. Ela sonhava em fazer faculdade de economia, mas o mísero salário que recebia não dava nem para pagar as necessidades básicas, quanto mais o seu sonho.


Uma velha amiga de sua cidade natal, que há muito tempo residia no Distrito Federal e que mantinha assíduos contatos telefônicos, lhe propôs altos ganhos vendendo prazer. Janaína, ainda com 17 anos incompletos, não era mais virgem. No entanto, havia tido pouquíssimas relações. Ela pensou, pensou... e por fim decidiu estabelecer a sua glória. Por definitivo entrou na vida. A princípio tudo corria a perfeições. Passou no vestibular, começou a estudar, dividia aluguel razoável com a amiga, freqüentava bares no centro e conheceu pessoas influentes. Até o segundo semestre na faculdade sua vida foi de esplendor.


Foi quando Janaína conheceu o Veneno, um dos seus melhores clientes. Sujeito muito gentil ele não batia nela como os outros. Pagava sempre adiantado, além de dar-lhe boas gorjetas. Após as relações, os dois passavam horas conversando.


Janaína não tinha parentes na capital, Veneno também não. Os dois descobriram algumas afinidades e também uma paixão. Veneno a partir de então passou a ter ciúmes dela e começou a tratá-la mal. Batia nela com socos, chutes, não pagava mais e desde então só a chamava de puta. Janaína tentou se afastar, impossível. Veneno a vigiava o tempo inteiro. As coisas ficaram bastante ruins para Janaína. O dinheiro começou a ficar curto, as mensalidades na faculdade atrasaram, suas notas abaixaram, ficou grávida e com muito medo. Chegou até a comprar Citotec para fazer aborto, mas a consciência não deixou.


Veneno era um tipo à toa que vivia perambulando nas ruas vendendo e fumando craque. Apaixonado por Janaína, ele ficou ainda mais paranóico. Sempre que ela ia sair com um cliente ele a proibia; puxava pelo cabelo e depois cuspia no rosto dela.

Neste dia, o dia em que o Veneno foi preso, a rua estava bastante movimentada e inúmeras pessoas transitavam a procura de diversão. Janaína esperava seu novo cliente quando um Mercedes estacionou e por alguns minutos os dois ficaram acertando o programa. Quando Janaína preparava-se para entrar no carro, o Veneno tomado de um ataque de cólera, agarrou-lhe o braço e deu-lhe um forte soco no olho. Janaína quase perdeu os sentidos e caiu na calçada com as mãos sobre a face. O Veneno num ato brutal e inumano retirou as mãos do rosto dela, introduziu o dedo indicador na cavidade craniana de Janaína e arrancou-lhe o olho esquerdo. Após alguns segundos, devido a grande quantidade de sangue que jorrava da cavidade vazia, Janaína não enxergava nada. Sentia dor e desespero.


Veneno agia como um animal descontrolado. Ao menos pensou na conseqüência de seus atos, muito menos no sofrimento daquela que seria a mãe de seu filho. Mesmo com toda a grosseria de rotina, ele manifestava um comportamento estranho daquele que era habitual. Parecia querer arrancar outra coisa que não a sua retina.

Janaína em um ato de desespero e pavor soltou um berro rude e primitivo, alucinado de uma dor sem indefinida.


Todas as pessoas que passavam na rua voltaram-se a ela e viram o Veneno chutando-lhe o rosto borrado em sangue e a barriga discretamente grávida. Janaína num sofrimento imensurável fez o aborto do filho ali mesmo, no chão da calçada, onde alcançou a sua glória.






Bsb DF, 16.05.2003, 17:27 (revisado em 6.12.2006)

Comentarios
O que você achou deste texto?     Nome:     Mail:    
Comente: 
Renove sua assinatura para ver os contadores de acesso - Clique Aqui