Madalena pernambulava pelas ruas do Nucleo Bandeirante, quando encontrou uma rua sem saída, com uma porta verde nos fundos do beco.
Ela aproximou-se da porta e observou um cartaz que dizia:
“Prezado (a) Senhor (a)
Já se cansou de entrar em choques com aqueles que confronta. Porque não sentar e discutir o que se passa, tentar uma coisa muito conhecida na democracia. Uma mesa redonda, olho no olho, veriam exatamente o que são as pessoas que escrevem, porque assim escrevem e porque há tanta discordância.
Horário: 03:30 da madrugada, segunda-feira
Local: Rua das Putas, Núcleo Bandeirante, Snooker 36 – para chegar é só perguntar.
Assinado – NOVA”
Ela olhou para a placa na esquina e percebeu que o local era ali mesmo, Soonker 26, Rua das Putas, lugar mais conhecido como Beco da Foda. Ali era o,lugar que ela buscara por toda sua vida. O lugar onde poderia encontrar todas as respostas para os enigmas publicados no velho pergaminho de ZPA.
Madalena entrou no recinto e observou várias pessoas lá dentro, julgou-os perdidos no tempo e no espaço e compreendeu que encontrara o que buscava. Ali reunidos estavam todos os que queria, e mais ainda; A NOVA! Quem era a NOVA? Isso era o que ela deveria descobrir, mas para isso teria de voltar ao nascimento de tudo isso, bem no seu princípio.
Era preciso retornar ä primeira Mesa Redonda – Um conto maldito.
Madalena congelou quando percebeu que seu detino estava escrito ali, juntamente com o destino de vários outros, e não perdeu os sentidos pela única e última possibilidade de encontrar todos os Cavaleiros da Mesa Redonda reunidos ali, na primeira mesa redonda de todas. Então era ali, o lugar o qual se referiam nos pergaminhos; a velha Taberna. Lá estavam todos eles juntos, reunidos num salão. Nem pareciam saber da aura mística que os envolvia, nem mesmo o cataclisma que suas palavras causariam um dia.
Madalena aproximou-se e vislumbrou de relance os que ali, se faziam presentes: Denison Souza Borges? Tarciso Oliveira? Claudio Oiveira? Douglas Lara, Surrealista? Mas quem eram esses? Os Pergaminhos falavam em outros nomes, e para cada nome, havia disposto um adjetivo, ou mesmo quem sabe uma alcunha, um apelido – um nickname.
Havia o Estressado, ou o Guerreiro do deserto enforcado; a Malandra, ou até Salamandra; o Sábio, aquele que vive num palácio em Minutópolis; o Impostor, quem veio da lua de Endor; o Observador Implacável, que estará sempre onde os outros estiverem. Todos esses, Madalena sabia quem eram, mas a Nova ela não sabia.
Madalena aproximou-se da mesa e sentou-se junto aos supostos Cavaleiros; eram eles Bruno Freitas, Klaus Reich, e Ayra On. Denison aproximou-se dela soltando uma velha gracinha, mas foi ignorado. Madalena queria descobrir a identidade da Nova, a personagem misteriosa que aparecia nos Pergaminhos.
_ Quem é a Nova? _ perguntou Madalena.
_ Ah! A Nova é uma gracinha! _ respondeu Ayra On.
_ Eu quero dizer: _ insistiu Madalena _ Quem era a Nova dos Pergaminhos de ZPA?
_ O ZPA disse que não vinha! _ interrompeu Bruno Freitas.
_ Essa é uma boa pergunta: _ ironizou Ayra On _ Quem era a Nova dos Pergaminhos de ZPA?
_ Sou EU! _ Kilandra chegando abafando a conversa.
Madalena virou o pescoço e vislumbrou uma deusa de Ébano em pé ao lado da mesa, que parecia mais uma visão. Kilandra sorriu e logo perguntou-lhe quem era.
_ Sou Madalena.
_ Então você é a Nova! _ argumentou Klaus Reich, que até então permanecera calado.
Madalena ouviu a brincadeira de Klaus Reich, sem deixar de pensar que havia algum sentido naquilo tudo. Porque ela, Madalena, haveria de ter encontrado os Pergaminhoas Perdidos de ZPA? Porque ainda, sem procurar, encontrara com os supostos Cavaleiros da Mesa Redonda? Não era de esperar que ela mesma fizesse parte desta União de Sabedoria.
_ Só está faltando o Contrera? _ indagou Madalena.
_ O Contrera resolveu ficar em silêncio. _ respondeu-lhe Bruno _ Ele chegou a um nível de sabedoria impossível de alcançar.
_ Será que demora? _ continuou Madalena.
_ Não! _ respondeu Bruno _ Deve estar pra chegar...
Madalena preocupou-se com o fato de que a Nova era a personagem que morreria no final, pois em todo conto, em toda estória, sempre um personagem morria. Impossivel de acreditar que este seria o seu destino. Depois de tanto o que passará, isto seria o final, afinal?
_ Por que você disse que eu era a Nova? _ indagou a Klaus, Madalena.
_ Sei lá? _ respondeu Klaus _ Falei a toa.
_ Oh, Madalena! _ cantarolou Bruno _ O meu peito percebeu...
Nisso, longe dali, um asteróide passava raspando pela crosta terrestre, desloncando apenas alguns centímetros o nível do mar.