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Contos-->O enterro -- 01/10/2003 - 14:00 (José Ronald Cavalcante Soares) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Caminhavam silentes, dois a dois, enquanto o sino dobrava a finados e o eco dos passos perdia-se ao longe pelas alamedas sombrias.
Perpassava na mente de cada um a idéia de quem seria o próximo, quanto tempo de vida cada um ainda teria.
Chegaram à cova aberta. Os pingos da chuva miúda caiam sobre o monte de terra. O coveiro, displicente, acostumado a enterrar tanta gente, apoiava-se desgracioso sobre o cabo da pá, olhando indiferente para os rostos lacrimosos.
Sua dor não era aquela. Pensava na filha doente e na escassez de dinheiro que não lhe permitia comprar os medicamentos que o médico passara e a sua filha, tossindo sem parar, já tinha o aspecto de um defunto.
O padre, solene, aguardava o momento de fazer a recomendação do corpo.
Os parentes se aproximaram soluçando, enxugando o pranto com lenços, cobrindo os olhos com óculos escuros.
A viúva, arrependida, pensava nos vários amantes que tivera enquanto o pobre marido guardava o leito, esperando a morte.Na véspera, num leito vizinho à sua alcova, entregara-se aos prazeresd da carne com o jardineiro, estremecendo de gozo, sem se lembrar que o esposo jazia numa lenta e dolorosa agonia.
Tudo estava preparado para o sepultamento. Houve um ruído esquisito. A tampa do caixão abriu-se inopinadamente, o morto saltou com os olhos esbugalhados, afugentando a multidão estarrecida. Procurava, no meio do bando de fugientes o talhe esguio e belo da sua esposa. Quando a avistou, gritou a plenos pulmões:
- Isabel! Isabel! Traga os papéis do divórcio! Vou assina-los aqui mesmo com o meu sangue!
A suposta viúva desmaiou. O padre exclamou:
Deus seja Louvado!
E o enterro não aconteceu.
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