Eles se entendiam às mil maravilhas. Cada um sabia exatamente do que o outro gostava.Formavam
um perfeito casal apaixonado capaz de causar inveja a qualquer um tal a harmonia com que se
relacionavam.
Eram casados, mas antes de tudo amigos, namorados e cúmplices num jogo de amor que nem mesmo o tempo conseguia transformar ou diminuir a intensidade da relação.
Nas intermináveis conversas seja ao telefone ou em casa se transformavam em crianças, riam e brincavam lembrando das peraltices que já haviam praticado desde que se conheceram.
Haviam se conhecido na Net numa daquelas noites chatas em que se entra numa sala qualquer de bate papo por falta de se ter o que fazer ou simplesmente por curiosidade e matar o tempo. Cupido estava lá, escondido e vigilante, flechou-os de tal forma que nunca mais conseguiram se separar um do outro.
Mas de um tempo para cá, algo incomum estava acontecendo. O comportamento um pouco diferente dele, uma espécie de desinteresse por ela chamou-lhe a atenção para o que poderia ser uma ameaça para a solidez de seu casamento.
Apesar dele não ter modificado os modos gentis e educados com que a tratava, sentia que havia algo estranho no comportamento do marido. Esquecia-se de beijá-la quando chegava do trabalho, conversava pouco e já não a procurava para o amor com a mesma frequência de antes. Na verdade pouco o fazia, sendo necessário uma insinuação da parte dela para que isso acontecesse.
Procurou afastar os maus pensamentos e imaginar que poderia ser o estresse do trabalho já que o marido não tirava férias a alguns anos. Decidiu aguardar e observar melhor para ver se descobria alguma coisa.
À noite, o marido ao chegar, avisou que estava muito cansado e que pretendia se recolher mais cedo. Ele tomou um banho e logo a seguir se
deitou na cama. Ele ultimamente vinha tendo essa atitude, mas ela não se deu por vencida. Naquela noite havia se preparado e se arrumado melhor para recebê-lo colocando uma roupa curta e provocante, colocou também o perfume que ele gostava e assumindo uma postura
sensual se aninhou na cama ao lado do corpo dele numa atitude provocante. Nada adiantou. Nítidamente desinteressado ele delicadamente
a afastou repetindo o cansaço e dizendo que precisava dormir para acordar muito cedo no dia seguinte por causa de uma reunião que teria no trabalho. E virou-se para o lado e dormiu.
"Ele deve ter outra mulher ou está se interessando por alguém"... pensou ela, mas nada disse ou reclamou.
Passaram-se algumas semanas e como nada de novo acontecesse ela procurou levar uma vida normal sem se preocupar muito com a possibilidade de estar sendo traída, mas o comportamento dele a preocupava.
Foi naquela tarde que tudo se esclareceu. Ela saiu para trabalhar de manhã como sempre fazia rotineiramente. Pretendia na hora do almoço fazer umas compras, mas na pressa de sair havia esquecido o cartão de crédito em casa e sem ele nada poderia fazer.
Também não poderia pedir a empregada que levasse no seu emprego o documento esquecido pois justamente era o dia de folga dela.
Não havia jeito, teria de voltar em casa logo após o almoço se quisesse comprar o que precisava.
Ao chegar em casa notou que a porta estava entreaberta. Dirigiu-se para o quarto de dormir e qual não foi a sua surpresa ao notar no corredor roupas e peças íntimas displicentemente largadas pelo chão.
Perto do quarto ouviu gemidos e vozes sussurradas vindas de dentro do aposento cuja porta estava só encostada. Não teve dúvidas, "Deve ser ele com a amante"... pensou ela. Abriu devagarinho a porta e a cena que viu a deixou estarrecida. Na cama, seu marido, embaixo de outro homem gemia e se contorcia de prazer. Ambos nus e entregues à volúpia nem notaram a presença dela. Era o fim do mistério.