Atentos e lembrando soldadinhos de chumbo, já sabiam que vinha bomba.
O Comandante prosseguiu:
“Estou trazendo um modelo de carta que vocês deverão assinar”. Silêncio na platéia suada. Gestos autômatos e gelados. Cansados, coordenados e manipulados. ”Leiam a missiva e assinem...Agora!”
TEOR DA MISSIVA
“Estamos todos bem. Felizes. Alegres. Contentes. À salvo e em paz. Alguns de nós não enviaram correspondências por que foram presenteados com uma viagem para Disney. Abraços Saudosos. Beijos. “Os Soldados”
Os soldados entreolharam-se e pensaram. Era tudo. Era só o que poderiam fazer. Era o certo. Amavam sua pátria. Por sorte seriam heróis.
Batalhão! Agora ponham-se em fila e sentem em seus lugares numerados e cumpram a ordem.
- Mas...Senhor?... – falou o soldado valente para o seu Comandante – poderia nos esclarecer o que está acontecendo?
- Sem direito à perguntas, soldado! Assine!!!
O soldado suspirou e uma lágrima rolou em seu rosto erguido, altivo e valente: “E se eu discordar do teor, Senhor!?
- Soldado nº 7! – Gritou o comandante já sem nenhuma paciência – Não é para concordar ou discortar, seu Imbecil! Falei para assinar e não para ler ou pensar! Está desacatando a ordem?
- Não, Senhor... – ergueu mais ainda a cabeça – apenas não estou de acordo com o que está escrito.
- Soldado...Vou lhe dar mais uma chance! Assine logo esta porra!
O soldado olhou ao redor acreditando que alguém estivesse de acordo com ele e que pudesse aliar-se: “Ninguém...”. Todos estavam sentados, terminando suas assinaturas e entregando-as de imediato ao imediato. Olhou de novo para o Comandante que vinha em sua direção com olhos de ódio.
- Já assinou????? – berrou o Comandante.
O soldado deu um suspiro de infelicidade. Não havia nada que pudesse fazer. Se não assinasse não ia ficar vivo para contar estórias. Cedeu.
- Sim, meu Comandante!
- Muito bem! Vocês são os melhores soldados de toda a Pátria!
“Pelotão!... Descansar! Para a Base!... Em fila! É só!”