Tudo o que se dividiu até então foi pouco. Dois precípicios sem fim, somos eu e ele, infinitamente complexos e cegos, esquecidos do mundo inteiro. Eu que escondo a minha arte sobre ele. Palavras guardadas por tanto tempo, empoeiradas e proibidas para nós dois. Para que dizê-las agora? Então eu me calo.
E é o fim que me acompanha desde o começo, que me faz dar o passo para trás quando desejo caminhar para frente. Se eu sei quem fui hoje? Não sei, sou sempre qualquer desconhecida para mim, que usa apenas minha imagem no espelho. Tantas palavras e somente nós dois saberemos a quem escrevo. A ti, que me conquistou nem lembro mais como, que me encantou, mas não sei o quanto.
Se tantas palavras foram ditas, poucas serão guardadas. Mas isso também não importa. Apenas o mais sutil toque ficará, etéreo no momento, mas presente no que se pensa, mesmo que sem querer. Quando se deita na cama para dormir e o que passou volta. Uma palavras. Uma mãos suadas. Um olhar. Uma saudade...