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Contos-->Só Maria -- 18/11/2003 - 17:21 (Rose Oliveira) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Só Maria

Maria José era o seu nome. Mazé, como era conhecida.
Nordestina, faxineira, mãe de muitos filhos. Pernas com varizes enormes, pele ressecada, pés rachados. Calçava uma sandália havaiana surrada, carcomida no calcanhar, que tocava o chão.
Já era noitinha, quando a avistei... Voltava da lida.
Vi seu vestido florido, de chita barata, seu lenço já esfarrapado, que tentava esconder o cabelo crespo, maltratado.
Sentada no batente da porta, fiquei hipnotizada com essa figura que subia a ladeira em passos cansados. Corpo esquálido e curvado. Trazia pendurada na mão uma sacola plástica de supermercado.
De repente, Mazé parou — acho que para tomar fôlego e terminar sua caminhada. Nesse momento cruzava com ela, na calçada, uma senhora bem-vestida, aprumada. Esquivou-se rápido de Mazé, imaginando ser uma esmoler.
Vi, com tristeza, Mazé baixar a cabeça e seguir sua jornada. Senti-me envergonhada de ser e ter, em detrimento de tantos que não têm nada.
Imaginei-a em casa, em um quarto pobre de um cômodo só, onde todos se amontoavam, encarando, após o batente, seus filhos carentes. Carentes de tudo: conforto, dignidade, saúde, moradia.
Chorei copiosamente por todas as Marias, todas as mães desabonadas, todas as mulheres desamparadas. Lamentei suas vidas desgraçadas. Revoltei-me com a cegueira fria, a discriminação presente dos que fingem não ver esse outro ser.
No futuro, não só assistirei.
Atuarei, gritarei dizendo: — Hei! Essa é Maria.
Maria mãe, trabalhadora, mulher e sofredora. Mulher que não desiste, aparência amarfanhada pela desigualdade do mundo. Beleza abreviada por uma vida dura. Maria que sofre e sente, como a gente.
Por isso, olhem-na de frente.
Essa é Mazé... Um exemplo de mulher.

Rose Oliveira
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