Usina de Letras
Usina de Letras
13 usuários online

Autor Titulo Nos textos

 


Artigos ( 63460 )
Cartas ( 21356)
Contos (13307)
Cordel (10364)
Crônicas (22586)
Discursos (3250)
Ensaios - (10765)
Erótico (13601)
Frases (51964)
Humor (20212)
Infantil (5642)
Infanto Juvenil (4998)
Letras de Música (5465)
Peça de Teatro (1387)
Poesias (141391)
Redação (3379)
Roteiro de Filme ou Novela (1065)
Teses / Monologos (2444)
Textos Jurídicos (1975)
Textos Religiosos/Sermões (6387)

 

LEGENDAS
( * )- Texto com Registro de Direito Autoral )
( ! )- Texto com Comentários

 

Nossa Proposta
Nota Legal
Fale Conosco

 



Aguarde carregando ...
Contos-->Só Maria -- 18/11/2003 - 17:21 (Rose Oliveira) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Só Maria

Maria José era o seu nome. Mazé, como era conhecida.
Nordestina, faxineira, mãe de muitos filhos. Pernas com varizes enormes, pele ressecada, pés rachados. Calçava uma sandália havaiana surrada, carcomida no calcanhar, que tocava o chão.
Já era noitinha, quando a avistei... Voltava da lida.
Vi seu vestido florido, de chita barata, seu lenço já esfarrapado, que tentava esconder o cabelo crespo, maltratado.
Sentada no batente da porta, fiquei hipnotizada com essa figura que subia a ladeira em passos cansados. Corpo esquálido e curvado. Trazia pendurada na mão uma sacola plástica de supermercado.
De repente, Mazé parou — acho que para tomar fôlego e terminar sua caminhada. Nesse momento cruzava com ela, na calçada, uma senhora bem-vestida, aprumada. Esquivou-se rápido de Mazé, imaginando ser uma esmoler.
Vi, com tristeza, Mazé baixar a cabeça e seguir sua jornada. Senti-me envergonhada de ser e ter, em detrimento de tantos que não têm nada.
Imaginei-a em casa, em um quarto pobre de um cômodo só, onde todos se amontoavam, encarando, após o batente, seus filhos carentes. Carentes de tudo: conforto, dignidade, saúde, moradia.
Chorei copiosamente por todas as Marias, todas as mães desabonadas, todas as mulheres desamparadas. Lamentei suas vidas desgraçadas. Revoltei-me com a cegueira fria, a discriminação presente dos que fingem não ver esse outro ser.
No futuro, não só assistirei.
Atuarei, gritarei dizendo: — Hei! Essa é Maria.
Maria mãe, trabalhadora, mulher e sofredora. Mulher que não desiste, aparência amarfanhada pela desigualdade do mundo. Beleza abreviada por uma vida dura. Maria que sofre e sente, como a gente.
Por isso, olhem-na de frente.
Essa é Mazé... Um exemplo de mulher.

Rose Oliveira
Comentarios
O que você achou deste texto?     Nome:     Mail:    
Comente: 
Renove sua assinatura para ver os contadores de acesso - Clique Aqui