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Contos-->Pistola paroquial -- 21/11/2003 - 14:52 (Charliza Collina) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Não se sabe como a história começou. O que se sabe, é logo se espalhou e de boca pequena em boca pequena inundou toda a Várzea Serena: aquele volume meio esquisito, protuberante, na batinao novo pároco, padre Tiago só podia ser uma pistola. Mas como é que podia um homem que pregava a paz, que representava o Cordeiro de Deus, o símbolo da fraternidade, da cordura e da doçura, andar com uma arma na cintura? E ainda de fogo, capaz de apagar a chama do amor cristão e levar ao fogo eterno pagão. Ah, não, tinha que haver uma explicação.
O velho padre Beraldo, que o antecedera no divino sacerdócio local e que andava afastado já com a saúde abalada, e a idade bem avançada, bem que havia pego em armas. E o povo mais antigo bem o sabia. Impetuoso e patriota, havia lutado na revolução em defesa do torrão. Contra a usurpação. E com toda justificação. E depois de tudo serenado, certamente foi pelo Pai perdoado e até, aí já menos viciado, andou dando seus tiros numa ou noutra caçada, em meio a gente camarada. Conviria pois consultá-lo, antes que se apagasse aquela boa chama - sobre a índole de seu sucessor. E lá, já no asilo distante, foi a comissão de Várzea Serena. Para a surpresa geral foram encontrar o padre Beraldo ainda rijo, fanfarrão até, mas de miolo mole. Já não dava por nada. A não ser falar de caçada.
A decepção foi grande, mas ficou a esperança de se esclarecer o assunto com o próprio pároco. Afinal a igreja evoluíra e se já se podia rezar a missa no vernáculo e até tocar violão no altar, nada impedia de na hora da prática, com o padre no púlpito alguém pedir a palavra e dirimir aquela dúvida tão cruel, que de ninguém tira o céu, mas era preciso remover aquele véu.
E o que foi dito, feito foi. Interpelado, o homem de Deus sentiu-se um pouco embarassado, mas retomou a postura e explicou da forma mais segura: meus paroquianos, não há o que temer. Arma de fogo não tenho, nunca tive. Minha arma sempre foi a epístola, que não é pistola. Porisso cuidado com o acento, é hora de se ficar atento. Já o volume na cintura, é uma quebradura, que por seu colossal peso, trago aqui preso.
Ao que, diante da atônita platéia, a igreja apinhada de gente, Dona Saturnina, bem octogenária, já ouvido pouco, levantou-se, e fez a observação;
- Mas o padre Beraldo num tinha a menor vergonha de mostrar a arma dele, de cano comprido. A do senhor, se for tão curta assim, que pelo menos seja de cano duplo.
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