Usina de Letras
Usina de Letras
25 usuários online

Autor Titulo Nos textos

 


Artigos ( 63224 )
Cartas ( 21349)
Contos (13301)
Cordel (10360)
Crônicas (22579)
Discursos (3248)
Ensaios - (10676)
Erótico (13592)
Frases (51739)
Humor (20177)
Infantil (5602)
Infanto Juvenil (4944)
Letras de Música (5465)
Peça de Teatro (1387)
Poesias (141306)
Redação (3357)
Roteiro de Filme ou Novela (1065)
Teses / Monologos (2442)
Textos Jurídicos (1966)
Textos Religiosos/Sermões (6355)

 

LEGENDAS
( * )- Texto com Registro de Direito Autoral )
( ! )- Texto com Comentários

 

Nossa Proposta
Nota Legal
Fale Conosco

 



Aguarde carregando ...
Contos-->Contos da Seda -- 27/01/2004 - 23:17 (MARIA PETRONILHO) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos


O bicho-da-seda ia de oco de oco, à procura de si mesmo.

Poesia esparsa, colorida, densa mas translúcida.

Costumava possui-la sem se deixar consumir como vira acontecer.

... E o bicho-da-seda tecia, tecia fios de uma inabalável textura de leve carícia, pontes entrevistas que rebrilhavam apenas e só em luz de feição.

Descobriu um casulo devoluto e começou a prepará-lo para si, na dúvida, com discrição.

No meio silêncio. Na subtileza macia da seda, escrevia fios de presença: a matéria mais resistente e dúctil que se conhece.

O bicho-da-seda sábio, quando achou que o casulo estaria quase pronto, foi observá-lo.

Gostou do trabalho e propôs-se conclui-lo.

Ao mesmo tempo congeminava: como entraria no casulo?



Com calma mas afinco, não descuidou de envolvê-lo e o casulo ia crescendo, preparando-se por dentro para a sua função de ninho.

Um dia o bicho-da-seda foi ver com cuidado se o casulo construído teria a forma que imaginara para ser a sua forma. E achou que teria.

Falou-lhe de ninfas e de borboletas.

O casulo entendeu tudo, sabia que o seu destino seria der desenrolado e tecido em levíssimo manto que lhe envolvesse o corpo tal um poema envolve a alma.

Mas na pungente urgência que o fim lhe ordenava, o de ser berço, deixou o bicho-da-seda aninhar-se até que a metamorfose acontecesse e ele depois voasse, deixando sem mais olhar a casca vazia.



E assim se cumpriu: O bicho-da-seda continua o seu destino de insecto perfeito, criando.

A casca, que não feneceu, desenrola-se dia a dia, em fios de suavidade, estendidos no tear onde uma ninfa secreta fabrica poesia, leve como de seda,

secretamente envolvente, sem outra função que a de vestir a alma.




Almada, 27/1/2004


Comentarios
O que você achou deste texto?     Nome:     Mail:    
Comente: 
Renove sua assinatura para ver os contadores de acesso - Clique Aqui