A partir da instalação da Capitania, efetivada com a posse do governador João Pereira Caldas, o Piauí que ainda vivia o marasmo da Civilização do Couro começou a tomar outro rumo e sair do isolamento.
Logo após se instalar no governo e montar a estrutura necessária para o gerenciamento político-administrativo, o novel governante, além de prender os jesuítas e de seqüestrar os seus bens, criou a Companhia dos Dragões, o Serviço de Correios para as correspondências oficiais, organizou um hospital, elevou a Vila de Oeiras à condição de cidade e capital da Capitania de São José do Piauí, transformando assim a antiga Vila do Mocha na décima vila do Brasil a receber essa titulação. Criou e instalou as vilas de Nossa Senhora do Livramento de Parnaguá, Jerumenha, Valença do Piauí, Santo Antônio de Campo Maior, Marvão e São João da Ribeira do Parnaíba. Construiu prédios públicos, realizou um censo demográfico e econômico, elaborou a primeira carta geográfica do Piauí, promoveu a guerra contra os índios e organizou o aldeamento dos Jaicós. O final do seu governo foi marcado pela chegada, na Vila de São João da Parnaíba, de Domingos Dias da Silva, trazendo consigo uma enorme fortuna em ouro, moedas e obras de artes em ouro e prata. Fixando-se nas proximidades do Porto das Barcas, a exemplo do pioneiro João Paulo Diniz, instalou uma charqueada e passou a exportar carne prensada e desidratada para outras Províncias e para a Europa, oxigenando assim a nossa incipiente industrialização e abrindo as portas do Piauí para o Velho Mundo.
Os outros governantes do período colonial que sucederam a João Pereira Caldas promoveram a criação de um serviço de correio mensal entre as vilas. Criaram a Companhia de Tropa de Primeira Linha, o Primeiro Regimento de Cavalaria Auxiliar e o Segundo Regimento de Cavalaria de Milícias. Construíram a Casa da Pólvora – um dos primeiros arsenais militares do Brasil. Cuidaram da abertura de novas estradas, da organização dos mapas gerais da população; da criação do cargo de Juiz de Fora das vilas de Parnaíba, Campo Maior, Oeiras e da nomeação dos seus titulares; da criação da Alfândega de Parnaíba; da criação de escolas nas sedes das vilas, de Parnaíba, Oeiras e Campo Maior; da instituição do correio mensal para a Bahia e para o Maranhão, ligando a Vila de Oeiras a Salvador e São Luiz.
Nesse período houve a transferência da Família Real para o Brasil, a eleição para Deputado Constituinte junto à Corte de Lisboa, a criação de várias paróquias, a completa emancipação política do Piauí em relação ao Maranhão, o início do povoamento de Amarração e a conspiração liderada por Antônio Maria Caú, visando a derrubada do governador Elias José Ribeiro de Carvalho. Esse período também foi marcado pela chegada do oficial português João José da Cunha Fidié para assumir o Comando das Armas e pela insurreição de Parnaíba liderada por Simplício Dias da Silva, dando início a outros acontecimentos que culminaram com as lutas pela adesão do Piauí ao Império de Pedro I, tendo como ponto alto a Proclamação de Piracuruca e de Campo Maior comandadas pelo Alferes Leonardo Castelo Branco, a adesão de Oeiras liderada pelo Brigadeiro Manoel de Sousa Martins e a Batalha do Jenipapo – a batalha que garantiu a integridade nacional.