Meus cumpidi eu retornei
Mas faço uma advertência
É qui hoje me alembrei,
Da veióta sem tenença
Que pindurô a calçola
Prus homi da vila oiá,
E eles tal tatu-bola
Rolaram pru Paraná
Pra ver o varal da véia
E a calçola admirá.
Pois homi que vê varal
Corre um grande pirigo
Di dexá di ser normal
Pá vê varal cum amigo.
Inda tem otro senão
Que já vô lhes informá,
Dexa di usa calção
E calçola passa a usá.
E se fô homi dus bão
Vai faze muié chorá.
Pois cum essa iscasseis
De homis bão de brincá,
Vô abrindo os ói dóceis
Que é pra nun facilitá.
Pare di falá das dona
Num importa ela quem fô
Se ela usa carcona
Ou se nunca cobre a flô,
Pois muié quano si zanga
Num perdoa, não sinhô.
Essa história faiz semana
Que o Pedroca começô,
Em Vila Veia feiz fama,
Onde vivi o contadô.
Diz ele que num congresso
Os homi de lá falô.
que a muié faiz mais sucesso
Quano nunca cobre a flô.
Cumpadi esse pogresso,
Nois num aceita não sinhô.
Mais num foi só o Pedroca,
Alguém mais entrô na lista
Foi meu cumpadi Bené
Outro grande cordelista.
Diz ele que a mal fadada
Que a calçola pendurô
Do Pedroca é aparentada
É a prima do dotô.
Que hoje é veia, disdentada
Mais já feiz sofrê di amô.
Já pensô si oceis a vissi
Naquela casa, suzinha,
A pensá isquisitici,
Lembrando da tar carcinha.
Que ao vento balançava
Levando o perfume dela,
Vige santa! Ave Maria!
O que fariam cum ela?
Que disejo, que agunia,
Pelo que vai dentro dela.
Pur isso qui a sertaneja
Qui é muié de opinião
Nunca tira a calçola
Nem mermo a cumbinação.
Dexa o amado ir no tato
Contentando im passá mão
Num vai além dessi fato
Pois oiá num dexa não.
E é mio se acontentá
Si quisé tê diversão.
Adiscurpi meus cumpadi
Entrei na prosa atrasada,
É qui eu tava cum as cumadi
Sem tempo pa fazê nada.
Mais notiça di calçola
Que até sai no jorná,
Neguim nun tá dando bola
Virô uma coisa baná,
O pió fica pás moça,
Nun acha cum quem casá.