FACE enrugada de mulher nordestina.
Semblante austero. Dor que sublima.
Sente ausência de tudo. Excede em persistência.
Para algo inda há de valer tanta resistência.
Braços sólidos. Um, segura o filho,
Outro, revolve na panela a água escura
que chama de comida, sem perder o brilho
de mãe resignada com tamanha secura.
Canto tua coragem, mulher do agreste.
Não recuas por fome, medo ou peste.
És Dom Quixote de saias, aguerrida,
lutando contra os moinhos da vida.
Deixo em meus versos o retrato da guerreira.
Não tens letras ou posses nem roupa faceira.
Mas tens doutorado na experiência do tempo.
Rica de sonhos, bela e formosa por dentro.
Se o nordestino, antes de tudo, é um forte,
com convicção quero enfim declarar:
Mulher nordestina pro homem é o norte,
coluna da casa, esteio do lar.