É impossível não ver
Meu semelhante largado à sorte
Sem nome, morrendo de frio e fome,
Nas ruas e guetos com cheiro de morte.
Falta trabalho na indústria da seca;
Sobram vagas na indústria do desemprego,
Onde o mais fraco é engolido pelo mais forte.
É impossível não ouvir
O clamor que vem das praças, viadutos,
Filas de aposentados, rebeliões da Febem...
Da falta de amor, do excesso de estatutos...
Do brutal e violento aumento da violência,
Do não menos violento avanço da ciência,
Que busca ter sobre a vida poder absoluto.
É impossível não sentir
A dor de tanta indiferença,
O cheiro horrível do abandono,
Da falta de fé, do excesso de crença:
Dos que acreditam ter evoluído do chipanzé;
Da multidão inerte diante de uma chaminé,
Cuja fumaça já não faz a menor diferença.
É impossível não agir
Contribuindo para a mudança.
Investindo em vidas no presente
Dessa juventude e no futuro da criança.
Sabendo que o homem é um ser integral,
Sem nos esquecermos do fundamental:
Só em Jesus Cristo há verdadeira esperança.
É impossível não crer
Na possibilidade de transformação
A partir do engajamento de todos nós,
Em um compromisso mútuo de cooperação.
Crendo veremos, pela fé, o Deus invisível,
Agindo e tornando o impossível, possível,
Na vida de cada pessoa e nos destinos da nação.