Numa banca eu comprei
A Revista da Semana,
Cuja reportagem traz
O atual tema que emana
E a imprensa escreve e fala
Que jaz na cozinha e sala
Um inseto que nos engana.
Como tenho alma humana
Que é sensível demais
Eu confesso que fiquei
Tal qual nunca fui jamais
Ou seja, um revoltado,
Porquanto eu vi declarado
Que já não somos iguais.
Eu pensava que os ais
Só eram urros do burrico,
Já que doença não escolhe
E ataca o pobre e o rico,
Entretanto eu vejo agora
Que somente o pobre chora
Com esse novo futrico.
O Pardal e o Tico-Tico
Vivem por aí cantando
Um só gosta da cidade,
Outro no sertão morando,
Porém o mais esquisito
É que agora um mosquito
Só o pobre está picando.
Nos ares, sobrevoando,
De lá de cima descobre,
O tal de “Aedes Aegypti”,
Tão somente gente pobre,
Tem ele um nome esquisito,
Talvez por isso o mosquito
Nunca pica quem é nobre.
Certamente algum cobre
Já comprou esse inseto
E o ensinou como fazer
De modo assim tão coreto,
Do rico não pica o filho,
Porém, seguindo seu trilho,
Pica o pobre, filho e neto.
Coitado do analfabeto
(Não tem culpa de o ser)
Na pica desse mosquito
Vai por certo adoecer
E, ao procurar hospital,
Somente vai passar mal,
Para mais cedo morrer.
Seu médico irá dizer:
- Foi uma fatalidade,
Eu sinto muito, porém...?!
É isto a pura verdade
Num país de faz de conta,
Onde quem pode apronta
Em nome da impunidade.
O grau de letalidade
É um indício alarmante
Lá no Rio de Janeiro,
Só que prossegue adiante
O mau mosquito a picar,
E ameaçando infectar
O Estado mais distante.
É mesmo apavorante,
Mas isso vai até quando,
Se ouvirmos autoridades
Uns aos outros acusando
E esquecendo o mosquito,
Com o governo no grito
O nosso sangue sugando?!
Rio de Janeiro sem mando
Do governo Estadual,
Cidade entregue às moscas
E à omissão Municipal;
O mosquito sangue-suga,
Na picada ele madruga
Lá no Palácio Central.
Para nosso grande mal,
O mosquito não tem pai,
A mãe é um jogo de empurra
Que não se sabe aonde vai:
Se ao Chefe Municipal,
Ou ao Governo Estadual,
Mas se for Federal... Ai!
BENEDITO GENEROSO DA COSTA
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