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Cordel-->A HISTÓRIA DE UM CERTO RICARDÃO MANÉ -- 09/07/2008 - 21:09 (Hull de la Fuente) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos


A HISTÓRIA DE UM CERTO RICARDÃO MANÉ

(Contada por Dalto Gabrig e Hull de La Fuente)


U causo qui aqui vô contá,
Pareci inté ingraçado,
Puderia inté graça achá,
Si num fosse disgraçadu.
A história qui foi si dá
Lá pras banda du serradu,
Onde um sujeito gagá,
Termino todo borradu.

U nome du cabra é Ricardu,
Irmão dum tár Zé Gambá,
Qui cuida das ferra du gadu,
Temidu im todu u lugá,
Pois essi cricri é casadu
Cuma tar Maria Juá,
Qui dexa us homi apertado,
Só di modi ela oiá...

Ricardu chegô divagá,
Nu tar lugarejo Sagradu,
U irmão Zé foi percurá,
Pra lembrá us tempu passadu.
Pusque resorveu istudá,
Num quis manejá us gadu,
Dexô a famia aculá,
I foi-se pra ôtru istadu...

Mas agora já formadu,
Dicidiu qui ia vortá.
Dinhêru nu banco guaradu,
I pompa pra disfilá,
Di possi di carru zeradu,
Achano qui era u tar,
Entrô foi im barcu furadu,
Cu a cunhada foi singraçá...


Aqui passo a palavra pra minha cumadi Hull...


Toda cidadi sabia
De Maria o procedê
Das trapaças e das mania
Du qui vivia a fazê...
Muié cum fogo ardoroso
Nem o capeta iscapava
Deitava inté cum tinhoso
É o qui as cumadi cuntava.

Quano viu sinhô Ricardu,
Ela jurô prela mesma
Dele eu vô tirá o cardo,
Vô fazê sopa di lesma...
Vô botá ele nu fogo
Pra vê satanás sorri,
Vô laçar ele no jogo
Num vai tê cuma fugi...

Ela intão se feiz formosa
Perfumô inté as oreia
Cum langeri cor-de-rosa
Num isqueceu nem das meia...
Quano deu a meia noite
Zé Gambá inté roncava.
Di chicote pra o açoite
Maria Juá chegava...

O cunhado nem durmia,
Pois pressentia a chegada
Os seu uvido zumbia,
Cum a cunhada ele sunhava.
As ropa fórum tirada
Peladinho ele ficô,
E o capeta na calada,
O Zé Gambá dispertou...

Zé Gambá vei no momento
Da entrada triunfante...
Então gritô: seu jumento!
Vô te capá num instante.
Maria Juá sorria
Cum a cara de Messalina,
Enquanto a faca ela via
I a intenção assassina.

Ricardu pulô num sarto
Iscapando para a rua
Peladim, cumpadi Adarto,
Foi tistimunha a Lua.
Ele entrô no seu carrão
E então areparô,
Sua tristi situação
O quanto qui si borrô...

Quano ele si viu suzinho
Pois nem ropa ele tinha,
Trocô o carro novinho
Pelas veste da vizinha.
Foi-se imbora da cidadi
Jurano num mais vortá,
Modi isquecê a mardadi
De Maria e Zé Gambá...


Hull de La Fuente













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