Depois de uma noite de tempestade fiz minha caminhada de todos os dias e fiquei emocionado.
Senti saudades!
O rio da minha infância estava cheio com água encostando na ponte.
Como se o meu pensamento fosse um máquina do tempo, retrocedi exatamente uns 45 anos atrás.
E me vi pescando no rio.
Ouvi a cantiga das lavadeiras e a algazarra da garotada pulando de mergulho de cima dos galhos dos Ingazeiros que margeavam o rio.
A máquina do tempo era irreal.
O rio é irreal.
Assim que as chuvas forem embora e as águas baixarem a natureza terá deixado de presente para toda a população um monte de lixo que o rio acumulou durante a seca.
Rio não produz lixo.
Lixo é a miséria do mundo.
O ser humano é o lixo da miséria.
Ele se mistura com o que não presta e neste país das Falmacutaias todos os dias somos inundados de noticias de roubalheiras e desvio de verba publica que nunca é recuperada e nenhum ladrão de gravata é preso.
Esta é a escoria da sociedade.
Que produz o lixo ético.
O lixo intelectual.
Onde a elite não faz nada para preservar a natureza e jogam a culpa no pobre da periferia pelo entupimento das redes de esgoto.
Pobre não produz lixo.
Pobre neste país é o lixo que só serve para votar.
Porque resolvi misturar os dois lixos, o ecológico e o humano?
Simplesmente porque o lixo da escoria política e empresarial rouba o dinheiro que poderia ser usado para recuperar a natureza agredida.
Pobre não produz lixo.
Mesmo sendo a grande maioria...
Quanto mais consumo mais lixo e menos conscientização de que é preciso recuperar o mundo doente para que a geração de agora e as futuras possam sobreviver.
Senti saudade...
Sinto pena!
A natureza está destruída.
O ser humano está corrompido pelo poder e pela ganância.
Enquanto o pobre não for considerado parte integrante da sociedade e não apenas um voto ambulante que pode ser comprado com qualquer coisa.
Enquanto os poderosos não quiserem entender que o lucro desenfreado gera os abismos que separam os homens.
O mundo vai continuar sendo um lixão a céu aberto.
E os rios serão sempre uma lembrança nos dias de temporais.