O tempo é carrasco e benfeitor.
Desde o nascimento ele nos impulsiona para o fim
Quando se está na flor da idade o tempo é coisa do futuro, quando a maturidade e a velhice chegam sem avisar ele se torna coisa do passado.
Uns envelhecem cedo demais, outros parecem conseguir vencer o tempo e respira e transmite ares de jovialidade, até que ele implacavelmente dá um basta.
No intervalo entre a juventude e velhice o tempo vai deixando marcas físicas e psicológicas difíceis de cicatrizar.
Uma pequena parte da população acha que o dinheiro pode vencer o tempo e apelam para cirurgias estéticas que mudam o visual, mas não aumenta os anos de vida.
Alguns ficam artificiais em demasia.
A cirurgia plástica não consegue consertar nada por dentro.
É comum vermos algumas personagens ridículas querendo esconder os anos que se passaram na sua existência, achando que descobriram a fonte da juventude.
Uma ínfima parcela da sociedade consegue prolongar a vida pagando a preço de ouro, o tempo adicional oferecido pela medicina elitizada e de ponta, inaccessível para os mais pobres.
E isto dura até certo tempo.
Porque o tempo é carrasco e cobra na hora e na medida em que ele mesmo determina.
A única maneira de tornar o tempo benfeitor é vivendo harmoniosamente, respeitando a natureza e o limite que cada cidadão determina para sua vida.
Enfim, buscar a felicidade.
Porque ela é o termômetro que mede o prazer.
E o prazer tem a magia de fazer o tempo parecer passar depressa, mesmo sabendo que ele é igual, isto quer dizer, uma hora é uma hora, na alegria ou na tristeza.
Ele não acelera e nem diminui.
O que faz a diferença é maneira de como o encaramos.
Esquece-se das horas quando se está em festa ou em estado de graça.
Amaldiçoa os minutos na dor e no sofrimento.
E o tempo permanece imutável, tem a mesma medida na alegria ou na tristeza.
E não pode ser vencido.
Pode e deve apenas ser compreendido.
Quando deixamos a vida correr seu curso natural, fazendo as intervenções apenas para manter o equilíbrio que a natureza permite, o tempo é prazeroso. Algumas pessoas conseguem fazer dele um companheiro e convive harmoniosamente mais tempo do que o normal.
Isto se chama respeito.
Apesar de o calendário marcar dia após dia e o relógio cravar até milésimo de segundo, o tempo não pode ser medido, porque o parâmetro de medição é a vida das pessoas e das coisas que as cercam.
O tempo de cada um vai ser mais longo ou mais curto de acordo com as agressões ou benfeitorias a que forem submetidos.
Para uns o tempo é benfeitor.
Para muitos o tempo é carrasco.