Alô?... Fala meu grande amigo!
Você me mata de tanta saudade
Ficando esse tempo sem lhe ver
E sem ouvir falar as amenidades
E os conselhos e as ponderações
Que me alteram umas verdades.
Verdades que não sabia em mim
E que afloram sob as divagações
Quando reavalio alguns conceitos
Mudando logo algumas direções
Que até norteavam a minha vida
E eu não avaliava as suas noções.
Mas pensando bem ficou melhor
O nosso viver no mundo de agora
Que até a saudade demora menos
Quando lá nos tempos de outrora
Quando pegar linha na telefônica
O saudoso sofria bem mais horas.
Hoje o celular é o elo de todos nós
O amigo do peito colado na orelha
Que a gente compreende o estado
Até da mãe franzindo sobrancelha
Enquanto ouve atenta o seu celular
Arrastando pelas mãos sua fedelha.
Que de tão pródiga esta garotinha
Interfere na condução da genitora
Sugerindo uso do comando de voz
Que no caminhar ela é a condutora
Da filha fedelha a quem tem amor
E o aparelho do qual é a portadora.
É uma verdade nos tempos de hoje
Que não há possibilidade de negar:
Esse é o aparelho das mil utilidades
Que de mansinho veio a se chegar
Uns de satélite e a maioria antenas
Para ser amigo de ouvir e de falar.
Tem gente que ainda tem duvidado
Da capacidade do uso de um celular
E de suas performances tecnológicas
E até aeróbicas no seu modo de usar
Como terapias sociais e psicológicas
Que ele faz que é até capaz de curar.
Talvez um das doenças deste século
Que mais atormenta uma população
São as dores provocadas pela coluna
Muitas pela falta correta de posição
no sntar-se e até no posicionar-se
Com o exercício diário da profissão.
E como um bom treinador pessoal
O celular inicia um jeito de treinar
No que você pode receber todo dia
Quando o atende e começa a andar
E pelas conversas que vão rolando
Seu treino diário vai se completar.
Tem gente que anda uma maratona
Até quando ao celular estão falando
Gesticulam como mágico e maestro
E tal como atletas vão se alongando
Que ao término de uma conversação
As suas juntas ficam só reclamando.
Mas é apenas a outra face da moeda
O contato e o exercício já sendo feito
O celular cumpriu umas das missões
De milhares por ser o amigo do peito
Mesmo quando acontece um apagão
Como uma lanterna ele dá um jeito.
A outra servindo como despertador
Acordando você quando é solicitado
E na hora de ministrar seu remédio
Seu responsável tá sempre avisando
Também ajudando na hora da dieta
Avisa o momento pra ser degustado.
Acalma o seu estresse no trânsito
Quando na tela surge o aplicativo
Que informa áreas engarrafadas
E trechos que o fluxo é mais ativo
Deixando você bem mais esperto
Nesse centro urbano tão aflitivo.
Ah!...Você que é o grande amigo
Agora com o celular inseparável
Pois que sempre nos falaremos
E entre nós conversa memorável
Com mais frequência acontecerá
Por ser nossa amizade inigualável.
Que é tudo pela graça do celular
O agregador dos seres humanos
Que pra você o seu ente querido
De onde estiver ou se encontrar
Ele com a sua rede de conexões
Roda o mundo todo e vai buscar.
Claro que às vezes não tem linha
Por estar no momento desligado
Mas por sorte tem a caixa postal
E você não fica sem o seu recado
Que então em um outro momento
Possa até falar com o seu contato.
E ele também dorme ao seu lado
Até toca as suas canções de ninar
Informando também as notícias
E contra quem seu time vai jogar
Para deixando você bem relaxado
Poder até melhorar o seu sonhar.
Quem preferir ele deixa escrever
Com o SMS que é a conversação
No momento exato que acontece
São alguns missivistas em falação
Deixando papel e caneta de lado
Para comprovar a nova invenção.
Lembram as antigas datilógrafas
Com os dedos velozes e certeiros
Ainda que não utilizam de todos
É o diminuto teclado verdadeiro
Teste de habilidade com as letras
Até com a língua dos brasileiros.
Amigo inseparável de nosso povo
Contempla a todos sem distinção
Não distingue um Pierre Cardin
Do mais popularíssimo macacão
Com surradas mangas de camisa
De um bolso estiloso de jaquetão.
Se acomoda com tudo e com todos
Sem discriminar cor de ninguém
Nem o tamanho, largura e peso
Como o enriquecimento também
Mesmo o consciente e intelectual
E para todos sempre diz o amém.
Alguém num automóvel de luxo
Confortável no ar condicionado
Em conversação no seu celular
Terá o tratamento dispensado
Exatamente igual ao de alguém
No trem cheio e bem apertado.
Todos os sinais vêm pelos ares
Para todos os nossos aparelhos
E por isso são tão democráticos
Servindo a todos como espelhos
Para ser como seu companheiro
Que ao seu lado será o parelho.
Mas olha meu saudoso amigão
Como passa o tempo celulando
E se já são altas horas da noite
Que a gente ficou conversando
E ... alô? Amigo? Alô? Amigo...
Os meus créditos se acabaram..