COM OU SEM CLOROQUINA
Boatos me avisam que a casa está por cair/Por cima de mim e, quiçá, de mais ninguém/Só não posso deixar que ela esteja a ruir/Sem ter de imputar coobrigações a alguém
Estou fazendo de tudo para me manter de pé/Agarrando-me a amigos e a camaradas meus/Sinto-me desnorteado e quase um falto de fé/Só não posso deixar de orar para o meu Deus
As ovelhas que cuido nunca irão me deixar/Creio piamente nelas e jamais as tolherei/Não pretendo fugir, tampouco me desleixar/Pois sou amado por elas e sempre o serei
Forças contrárias estão querendo ver meu fim/ não me dão sossego por um minuto sequer/Mas se tivessem um pouco de apreço por mim/Aliar-se-iam a mim porque a hora assim o requer
Não tentem me mudar, porque cresci desse jeito/E ao tentar acertar, sempre dei minhas caneladas/Não esperem que eu seja um governante perfeito/Nem que vivamos como em um conto de fadas
Essa cruel pandemia brevemente irá embora/E quem sobreviver a ela terá muito o que contar/Com ou sem a cloroquina ela dará o seu fora/Sem a pretensão de o meu governo desmontar
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