Você não pode ir para seu trabalho

Muito menos seu filho ir à escola

No futuro viver só de esmola

De favores e de penduricalhos

Dados por esse bando de espantalhos

Ao morrer não tem nome no jornal

Só um número a mais no anal

E você perdeu tudo na sua vida.

Nosso povo precisa de comida

Mas imprensa é que é essencial

As farmácias e os supermercados

Vão abrir assim como as construtoras

Se você for aluna ou professora

Ir às ruas é proibido, descartado

Se for pego é peia pra todo lado

As empresas perderão seu arsenal

Pra imposto dinheiro é vital

Do dinheiro depende nossa vida

Nosso povo precisa de comida

Mas imprensa é que é essencial

Se fechar uma loja bem pequena

Empregado é logo demitido

Comerciante também fica falido

Quebradeira será muitas centenas

E aqui o governo com sua cantilena

Veio somente nos faz todo esse mal

Pra qualquer tipo de profissional

Não terá mais dinheiro nem guarida

Nosso povo precisa de comida

Mas imprensa é que é essencial

Mas no rádio e na televisão

O escrúpulo não é sua virtude

Nas notícias e nem nas atitudes

Sempre em busca de grana da Nação

Em suas tetas vão como um furação

Não importa quão seja imoral

E ninguém viverá a comer jornal

A imprensa é podre carcomida

Nosso povo precisa de comida

Mas imprensa é que é essencial

HENRIQUE CÉSAR PINHEIRO

FORTALEZA, MARÇO/2021