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Cordel-->LAMPIÃO, O Fruto de uma época. VI -- 20/02/2002 - 07:56 (Daniel Fiúza Pequeno) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
LAMPIÃO, O Fruto de uma época. VI

A vida do famoso bandoleiro nordestino,
Escrita em literatura de cordel.

Autores: Mestre Egídio e Daniel Fiúza.

Lampião era sanfoneiro e poeta. Existem muitos poemas atribuídos a ele.
Aqui mostro duas septilhas, ou sete pernas como é mais conhecido.

Por minha infelicidade
Entrei nesta triste vida
Não gosto nem de contar
A minha história sentida
A desgraça enche o meu rosto
Em minha alma entra o desgosto
Meu peito é uma ferida.

Aí peguei nas armas
Para a vida defender
Perseguido, aperreado
Vi que era feio correr
Vi a desgraça no meu rosto
Então me senti disposto
Matar para não morrer.

O começa da vida de crimes

Virgulino ainda de menor
Tirou seu título eleitoral
Chegou a votar três vezes
Na sua cidade natal
Em quinze e dezesseis
Em dezenove outra vez
Como um cidadão normal.

Tinha uma vida amorosa
Como de qualquer rapaz
Se não fosse ser bandido
Casava e vivia em paz
Uma grande família teria
E essa história não seria
Contada por nós, jamais.

Detiveram João Ferreira
Quando ele foi à cidade
Por nome de Mato Grande
Suprir sua necessidade
O plano desse desatino
Era prender virgulino
E privar sua liberdade.

Antonio, levino e virgulino
Tentaram o irmão libertar
Caíram na emboscada
De Amarílio Batista Vilar
Delegado de policia
Cabra cheio de malícia
A fim desse trio matar.

Conseguiram escapar
Mas ficaram foragidos
Da família se afastaram
Depois viraram bandidos
A mãe estava doente
Mudaram-se de repente
De tanto ser perseguidos.

Já perto de mata grande
Maria jacoza faleceu
Na casa de Luiz fragoso
Do coração ela morreu
O lugar chamava engenho
É o registro que tenho
Onde tudo aconteceu.

Depois da mãe enterrada
Dezoito dias passados
Toda a casa foi cercada
Por volantes e soldados
Jose Lucena maranhão
Comandou aquela ação
Deixou mortos espalhados.

Na naquela dura batalha
O fatídico aconteceu
O velho Jose Ferreira
Levou um tiro e morreu
Sem a mãe nem o pai vivos
Tinha achado os motivos
E só pro cangaço viveu.

Quando morreu sua mãe
E seu pai foi emboscado
Com toda a perseguição
Virgulino foi obrigado
A entrar para o cangaço
Com o bem rompeu o laço
E num bando foi engajado.

Essa parte do cordel é uma homenagem ao ilustre professor, grande poeta e cordelista: Meu amigo José Mario Martinez.

Daniel Fiuza
19/02/2002
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