O DRONE E O MATUTO
Renato Ferraz
Seu João nora num sítio, na zona rural
Quando lhe perguntam sobre a situação atual
Ele responde que há 75 anos a vida era pior
Ressalva que muita coisa poderia ser melhor.
Ele e os vizinhos são homens de saber limitado
Seu João se destaca por ser mais bem informado
Lembra do rádio como o único meio de comunicação
Mesmo assim era ouvido com alguma limitação
Ele passa o dia atento ao noticiário da televisão
E pede ajuda externa se não tiver compreensão
É um líder porque tem mais conhecimento
Todos gostam de ouvi-lo a qualquer momento
Basta vê-lo que querem ouvir sobre as novidades
O que faz brilhar seus olhos e responder com serenidade
Tanto orgulho sente, parece ser um bom orador
Mantém uma relação de respeito com cada morador
Uma vez ao mês os moradores se reúnem em diversão
Comem, brincam, bebem com bastante animação.
No último encontro, todos ficaram bastante curiosos
Perguntaram-lhe sobre as novas invenções dos estudiosos
Ele não se fez de rogado e começou a discursar:
Eu vou contar, mas vocês não vão acreditar!
Agora inventaram um avião que não precisa ser pilotado
O bicho vê tudo lá de cima e fotografa feito um danado
Dizem que fiscaliza a plantação e até terrorista mata
Mas isso não sei se procede ou se é mesmo uma bravata
Todos lhe perguntaram o nome dessa máquina possante
É um nome tão estranho que parece até ser elefante
Eu acho muito esquisito, é “drônio” o nome do danado,
E é por um controle remoto que ele é guiado
Faz vídeo e fotografia da mais alta qualidade.
E entra em lugares que o homem não tem capacidade
Inquiriram-no se o tal drônio somente isso sabia fazer
Ele citou várias atividades, até incêndio sabe combater
Leva medicamentos e alimentos para lugares isolados
Fiscaliza pragas na lavoura em ambientes rurais afastados,
Conserta rede elétrica, ajuda em resgate de desastres naturais,
Realiza muita coisa e quanto mais difícil for, aí é que ele faz
Há tempo uma novidade não deixava Sei João tão emocionado
Falar sobre o drone era como se ele o tivesse inventado.
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