Presidente da República
Disse uma grande besteira
Ao mandar deixar produtos
Mais caros nas prateleiras
Trocar picanha por ovo
Gás de cozinha por fogueira
Cuidado, se fizer besteira
Cocaína por maconha.
Não é boa substituição,
A xana trocar por bronha,
Principalmente, se for
Aquela que você sonha
Grande falta de vergonha
Não poder comprar laranja
Pobre não poder comer
Nem mais uma simples canja
Não é culpa de Bolsonaro
Mas do marido da Janja
Que muito gasta e esbanja
Acabar com sindicatos
Que grana tira do povo
Que não deixa de ser pato
E pra os seus dirigentes
Paga mesmo até sapato
Também os melhores pratos.
Vamos trocar presidente.
Nada substitui a água
Nem vinho nem aguardente
Se não puder comer bife
Vá comer cachorro-quente.
Se você for bem prudente
Não volte a usar Correios
Mesmo que trocar avião
Por charrete com arreios
Substituir por parafina
O silicone dos seios
Mas se você tem receio
De viver no lusco-fusco
É bem melhor trocar Lula
Por outro tipo de molusco
E não queira mais saber
De quem é vermelhusco
Não se torne um patusco
Por velho ventilador
Troque o ar-condicionado
Deixe de usar trator
Volte à bomba manual
Bote de lado o motor
Não ouça este Salvador
Que tudo deixou bem caro
Que pensa só em imposto
Para botar no nosso aro,
Diferente doutra época
No tempo do Bolsonaro.
Vamos melhorar o faro
Fazer uma Barreirinhas
Comer pescoço de frango
No lugar duma galinha
Não dá para comer peixe
Nem tilápia nem tainha
Vamos comer galo de rinha
No cardápio tem jumento
Pelas bandas da Paraíba
Vá se abrigar ao relento
Pra não dormir no calor.
Vamos trocar parlamento
E todo seu seguimento
Deixe de beber café
Se não puder ir de iate
Mude para um galé
Deixe de fumar cigarro
E volte a cheirar rapé
Não amola, perdeu Mané
Se a energia está cara
Use vela ou lamparina
Cozinhe só em coivara
Deixa de andar de avião
Viaje de pau-de-arara
Cocoroca ou biquara
Não substitui caviar
Se pago com nossa grana
Pra sustentar marajá
Que não troca Luís Viton
Por um velho patuá.
Nem volta a comer preá
Como trocar gasolina?
Se etanol é de lascar
E a velha margarina
Não dá para se trocar
É melhor fazer faxina
Até mesmo na botina
Que agora pinta meio-fio
Por que trocar o agasalho
Quando no Sul vier o frio?
Os pobres devem morrer,
Sentindo muito calafrio?
Combata a fome com fastio
Ou volte a comer tatu.
Mas cuidado com Ibama
Que pode meter o peru
Você ver o sol quadrado
Num presídio em Bangu
Coma ovo de urubu
Se não puder comer de ema
De pata ou jabuti
Mas coma somente a gema
Se não puder ir ao Rio
Vá morar em Sapopema
Quem votou nesta postema
Aguente as consequências
Não reclame de seus atos
Esqueça benevolência
Pois você já se esqueceu
De antigas reminiscências
FORTALEZA, FEVEREIRO/2025
HENRIQUE CÉSAR PINHEIRO
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