02/01/2001
O cabelo vai caindo
A barriga ta crescendo
No ouvido um zumbido
Visão desaparecendo
Tudo isso é normal
O homem não é imortal
Todo mundo ta sabendo.
Os sintomas vão surgindo
A velhice vem chegando
O homem vai descobrindo
Que o tempo foi passando
Mas nada se pode fazer
É duro o homem entender
Nem é bom se ta falando.
Ao se olhar no espelho
E vê que o tempo passou
O homem fica vermelho
Sentindo um certo pavor
Olhando tudo derrubado
O pobre fica desolado
Faz tempo que ele é avô.
Já não escuta direito
Tem obstáculo pra viver
Tudo nele tem defeito
Troca de óculos pra ver
Tem um que é para perto
O pra longe e mais esperto
Tem outro nem sei praquê.
Já está falando mole
Ninguém tem paciência
Na boca a saliva escorre
Precisa de assistência
De tudo ta esquecendo
Até o que ta comendo
Não supre sua carência.
Quando vê uma mulher
Só olha e fica babando
Nunca mais comeu filé
Já esta se acostumando
Não lembra a última vez
Com a mulher o que fez
E como estava amando.
Existe um tal de viagra
Uma ajuda a oferecer
Se o velhinho abusar
Na cama pode morrer
Quando a coisa subir
Ele não poder fugir
É um perigo a correr.
No papo com os amigos
Há sempre um falecimento
Já morreram os antigos
Outros falam em testamento
Vão no baile da saudade
Com gente da sua idade
Tentando um divertimento.
Um operou, mais que pena
Outro está internado
Tem um fazendo safena
E outro sendo enterrado
vivendo só de lembranças
Mas ainda tem esperanças
De um dia ser lembrado.
A velhice não é um mal
Todo mundo envelhece
É uma coisa natural
A morte sempre acontece
O desprezo e a pior morte
Ninguém foge dessa sorte
Quando a velhice padece.
Muito pior que morrer
É viver amargurado
Velho feliz quer viver
Para morrer sossegado
Quem tem um filho amigo
Não sofre esse castigo
E na velhice é guardado.
