A vida do famoso bandoleiro nordestino,
Escrita em literatura de cordel.
Autores: Mestre Egídio e Daniel Fiúza.
UMA SEPTILHA ATRIBUIDA A LAMPIÃO
Meu rifle atira cantando
Em compasso assustador
Faz gosto brigar comigo
Porque sou bom cantador
Enquanto o rifle trabalha
Minha voz longe se espalha
Zombando do próprio horror.
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As lutas.
Coronel Marçal Diniz
Protetor de cangaceiro
Tinha um filho infeliz
Briguento e encrenqueiro
Era um tal de Marcolino
Matou um em desatino
Dando um tiro certeiro.
Foi num baile em Triunfo
Na Paraíba perto de patos
A vitima um juiz de direto
Chegaram as vias de fatos
Marcolino foi aprisionado
Mas logo foi libertado
Por lampião e seus ratos.
Cidade foi cercada
Por oitenta cangaceiros
Exigiu que libertasse
Um dos seus prisioneiros
Não tiveram alternativa
Pois não tinham voz ativa
Diante de bandoleiros.
Os idos de vinte e quatro
Foi de muito movimento
Pro bando de lampião
Atacar a todo o momento
Começou em santa cruz
Uma fazenda em plena luz
Foi em Triunfo esse evento.
Essa fazenda pertencia
A Clementino furtado
Por quarenta e cinco homens
Todo lugar foi cercado
Seis horas durou a batalha
Nela houve muita falha
E o bando foi afugentado.
Clementino teve ajuda
Do micro destacamento
Da polícia que chegava
Para ajudar no momento
Botaram o bando em fuga
Acabando aquela rusga
Conseguindo seu intento.
O bando tornou a fazenda
Atacaram em outro dia
Travaram outra batalha
Por cinco horas seguia
Voltaram a ser derrotado
Com a polícia ao lado
Clementino só vencia.
Clementino sofreu baixas
Nos ataques de lampião
Morreram dois da família
Seu sobrinho e um irmão
Forçado por cangaceiro
Entrou na policia ligeiro
Tornou-se um sargentão.
Senhor Clementino furtado
Tinha o apelido de quelé
Juntou-se aos nazarenos
Povo da vila de Nazaré
Acabar com o bando tentou
Foi um grande perseguidor
Fez dessa luta sua fé.
Na comarca de vila rica
Os ânimos foram alterados
Num combate sangrento
Com perdas pra todos lados
Entre Paraíba e Pernambuco
Naquele combate maluco
Muitos mortos e baleados
O major Teófilo torres
Um famoso nordestino
Cerca de dez anos atrás
Prendera Antonio Silvino
Comandou o destacamento
E tinha pouco sentimento
Pra acabar com o desatino.
Nesse combate feroz
Lampião foi atingido
Um tiro no calcanhar
Deixou-lhe ali ferido
O bando foi se espalhando
Numa tática de comando
Que a corja havia assumido.
Lampião ficou sozinho
Naquele mato escondido
O bando tentou resgata-lo
De pronto foi repelido
Tentando se reagrupar
Não conseguiram atacar
O bando foi surpreendido.
Essa parte do cordel; Eu ofereço ao meu amigo piauiense, grande cordelista e poeta: Almir Alves da Silva Filho.