Limeirinha, Limeirinha,
Limeirinha do Tatuá;
pois é, não falo tua língua,
quem sabe vais me ensiná.
Tenho jeito de aprendé
se a Morte não me levá.
Te perguntei, Limeirinha,
- e tu não me respondias -
por qué não cantas às damas.
Deduzi que não sabias
quais as palavras de amor
que esquentam noites e dias.
Li os livros que te escreveram,
escutei tuas gravações,
e nelas nunca encontrei
palavras que a corações
de mulher se dirigissem:
diga, pois, quais as razões.
Quando à festa dum prefeito
um dia fostes cantar,
a mulher do manda-chuva
contigo queria transar.
Falaste uma grosseria
para essa dona espantar.
Limeirinha, Limeirinha,
eu só queria saber
se lá nos quintos infernos
também evitas mulher;
responde-me se quiseres,
não desejo te ofender.
Limeirinha, Mestre Egídio
não está se sentindo bem.
Dizem que tem depressão,
não é coisa de nhem-nhem-nhém.
Deve ter bons terapeutas
lá nas bandas de Belém.
Depressão é provocada
por certa serotonina
e seus neurotransmissores,
hoje é coisa de rotina;
tem remédios eficientes:
um é poetar na Usina.
Mas se isto não desse certo
tem tricíclicos, Prozaque,
e vários remédios novos.
No começo dão um baque
mas mantém o coração
batendo no tique-taque.
Mudei de assunto, Limeira,
porque o Mestre me angustia
quando leio nos seus versos
que meio mal se sentia.
Depressão é coisa séria,
não como gripe ou azia.
Eu concordo com Marcelo
que és o poeta da Paz,
benvindo sejas ao Mundo;
tomara que tenhas gás
pra responder minhas questões,
já que tenho muitas mais.