Eu ainda não sei fazer um cordel,
pois na verdade estou a aprender.
Nesta tão bonita arte brasileira
eu ainda não passo de um bebê,
e para ter o domínio das rimas
sei que tenho muito a crescer,
pois os meus cordéis são testes
que faço e submeto aos mestres
como forma de me desenvolver.
Quando cheguei aqui na Usina,
cordéis, tinham poucos a fazer.
Eu lia, gostava até que um dia
tomei coragem de os escrever.
Agora chegou mais gente boa
e outros ainda devem aparecer,
é um cordel melhor que o outro
e eu no meio, sabendo pouco
as vezes, nem sei o que dizer.
Confesso não estar preparado
pra esta briga de tanto saber.
É gente que sabe de todo lado
eu nem sei, se sei me defender,
mas como sou um caipira teimoso
que apanha, mas não sabe correr
resisto com o meu cordel imaturo,
contando mais com o queixo duro
do que talento, para sobreviver.
Eu sei que esta briga é das boas,
onde no final, ninguém vai perder.
ganha o Brasil e ganha as pessoas
que bons frutos haverão de colher,
mas não ouso peitar os mestres
que com versos brigam para valer,
prefiro aprender com suas rimas,
tirar lições de suas obra-primas
para que meu cordel possa crescer.
Enquanto não me sinto preparado
vou fazendo o que posso fazer,
lendo todos os cordéis publicados
e tendo com isso muito prazer.
A briga de fato está boa demais,
ninguém sabe o que vai acontecer,
mas uma coisa eu tenho como certa
do jeito que aqui tem gente esperta
tem que ser muito bom para vencer.