Eu vou contar pra vocês
a minha história moderna,
que se deu ano passado,
aqui mesmo, na taberna.
Me aparece um engenheiro
dizendo: " - Esse puteiro
tá no tempo das cavernas.
Precisa modernizar,
fazer um circuito fechado,
passar uns filmes pornô,
por vídeo-game importado.
E põe um computador
pra ser administrador.
Tô vendendo um barato."
Achei aquilo esquisito.
Conversa de vendedor.
Pois até que eu ia bem
no comércio do amor.
Mas um sujeito insistente
termina embromando a gente.
Comprei o computador.
No mesmo dia o caboco
veio instalar o danado.
Eu então chamei Cidinha
pra aprender seu bordado.
O moço tinha ciência
e explicou com paciência
cada botão do teclado.
Explicou o que era mause,
falando tudo que sabe.
No-breique, moude, planilha,
sofithuere e becape,
programa aplicativo,
resete, draive, arquivo,
inchester, delete e escape.
Explicou como se liga,
como entra, como chama.
Depois perguntou à Cida:
" - Qual é mesmo o seu programa?"
" - De noite, eu afogo ganso.
Então, de dia, eu descanso.
E é dia e noite na cama."
O cabra perdeu a linha
E veio se queixá pra eu.
" - Expliquei o dia inteiro
e a quenga não entendeu.
Preciso de moça fina,
que a gente mal ensina
e a danada aprendeu."
Mas doutor, um engenheiro,
depois de tanto estudar,
não sabe que no puteiro
existe um outro pensar?
Aqui não vem moça fina,
e rege outra doutrina.
As quenga pode explicar.
E pra quê computador
Se dele ninguém desfruta.
É que nem disse a Cidinha,
que é daqui a mais astuta:
"- tem coisa que não entendo:
O diacho, ao mesmo tempo,
computa, mas não com puta."
09.05.96. Cacá.
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