Isso é belo, cordelistas,
(Eu me considero tal)
Todos vocês são coristas
Dessa arte de varal.
Isso até alegra as vistas
Dessa usina de artistas
Pois rimar é natural.
Me desculpe o Daniel
Por rimar com tua mulher.
No brinquedo de cordel
Rima se deve escolher
Pra mode não ofender
Nosso parceiro fiel.
Sobre o arrespostamento
Tu me julgou pela forma
É real teu julgamento,
Mas pra cordelar há norma?
Fazer assim nessa fôrma
Vai prender meu pensamento.
Num trovar bem mais liberto
Sigo eu de peito aberto.
Eu e tu de lado a lado
Tu rimando assim bonito,
Eu rimando assim safado
Evitando o tal conflito.
Não sei verso agalopado
Nem décimar, redondilha...
Mas sei bem ser galopado
Se por moça de família.
Bonito, alto e perfumado
Bom partido pra sua filha.
Nem sextilhas, nem quadras,
Isso eu também não sei.
Sei que se cruzam armadas
D’além buscando o rei.
Sei de minhas vidas passadas,
O tanto que desta eu sei.
Disse bem o legendário
De mulher já vou vestindo.
Foi como saí do armário,
Quando vós de repentino,
Chegou antes do horário
Tua senhora foi mentindo...
- Essa é a amiga Das Dores.
Mulher do Seu Teixeirinha.
Veio me fazer favores
Desembanhar minha bainha
Pois jabá na minha farinha
É dona de mil valores.
E tu sem saber tecendo,
Todo sorridente e prosa,
Abraçou-me agradecendo
Ofereceu-me até rosa,
Disse até qu eu era formosa,
Por isso saí correndo.
Mas cabouco os teus feito
Nem de longe eu desconfio.
Quem bebe chumbo eu respeito,
Se tu toma quente ou frio,
Chega me dar calafrio,
Pensar o final do fato.
Já me vou, sai o fino.
Não me leve assim tão mal.
Esse Blém Blém Blem de sino
É coisica natural.
Rima vinda de Pombal
Ao Daniel meu Pequenino.