"O Seu reinado foi se desmanchando
até parar num escuro calabouço,
onde está trancado à sete chaves
para nunca mais sair do fundo do poço.
Com as lágrimas que chorei
fiz um lago em volta do castelo,
ali mesmo um passado afoguei
para emergir um futuro mais belo.
Quase conquistei o mundo por alguém
que não queria se dividir comigo na cama,
o amor fez uma ponte levadiça
trazendo a mim uma nova soberana.
Você me deixou para ser devorado
por aquele imenso dragão;
Queria acabar com o meu reinado
um monstro chamado Solidão.
O peito era o único ponto vulnerável
da minha dourada armadura...
o meu calcanhar de Aquiles onde
poderia haver alegria ou amargura.
Foi ali que Cupido acertou
o tão esperado golpe certeiro,
desde então fiz do otimismo
o meu fiel escudeiro.
A esperança, saudade e alegria
elegeram como verdadeira rainha
alguém que merece o meu amor.
Finalmente encontrei alguém de maior beleza
que merece viver rodeada de nobreza
porque só é valiosa quem me dá valor.
Da mais alta torre gritei
que estou livre daquela escuridão,
agora sou tratado como um rei
por quem está no trono do meu coração.
Eu tratava como uma rainha quem
me considera um reles bufão
que rastejava por ela no palácio,
que pena que ela nunca viu
um soberano clarão
nos olhos daquele palhaço.
Nem me lembro mais das cores do brasão
daquela que nem merece ser chamada de dama,
ainda vou conseguir ser o cavalheiro
que tanto deseja ter esta mulher que me ama.
O homem mais apaixonado da corte
era também o mais maltratado
e todos da realeza notavam.
Agora não passas de uma plebéia
pois, a esperança na platéia
me aplaudia e não me abandonava.
Àquela que me trata como um rei
jamais tratarei como escrava.
Levantei o escudo e baixei a espada
para me defender dos terríveis golpes;
Lampejos insistentes de mágoas
que quase ocasionaram a minha morte.
Posso ter sucumbido no meio da batalha
mas ganhei a guerra com um pouco de sorte.
Você nunca imaginou que alguém
iria tomar a tua coroa
por toda a eternidade.
Você, além de não ser mais minha rainha
há muito já perdeu a majestade.
Estou saindo das trevas
porque agora vejo um ponto-de-luz...
um imenso ponto final.
Quem tem a paz não quer
mais se lembrar das guerras,
o passado está tão longe...
como a Era Medieval."