Maria Rita desceu as escadas de madeira comprimentou o rato que espreitava pelo buraquinho e subiu a rua. Cruzou-se com a vizinha do 4ºDto. e sussurou os bons dias. Entrou na taberna e pediu uma bica, ao seu lado encostou-se uma loira cintilante que bebia um chá preto. Maria Rita olhou-a de alto a baixo, vestia saia e casaco cinza camisa azul, usava meia preta e salto alto a condizer, na mãozinha carregava um pechisbeque dourado e nas orelhitas uns penduricalhos que não rimavam com o relógio prateado. Despejou um bom dia pela boca pintada e começou a falar do tempo. Maria Rita sentiu-se incomodada e disse-lhe adeus até qualquer dia. Voltou para casa fechou a porta e sentou-se no sofá. A campainha tocou e Maria Rita abriu a porta sem espreitar:
- Olá sou eu lembra-se de mim? Encontrámo-nos á pouco no café vinha perguntar-lhe se conhece alguém que precise de uma empregada?
Maria Rita não queria acreditar que aquela figura a tinha seguido e o que é que ela queria dela?
- Não minha senhora aqui só mora gente pobre!respondeu incrédula Maria Rita.
- Que pena é que eu...e começou a contar a vida dela. Maria Rita já tinha a pequena cabeça inchada de tanta conversa com gosto a nada e interrompeu-a:
- Minha Sra. tenha paciência tenho a sopa ao lume não posso estar a perder tempo volte outro dia. Fechou a porta e ficou a pensar no absurdo que lhe acontecera.
No dia seguinte voltou a sair do seu buraquinho enfadonho e cruzou-se com a sra. loira que tanto a incomodou no dia anterior:
- Bom dia. Cumprimentou Maria Rita.
- Mas eu conheço-a de algum lado? Respondeu a Sra. Loira que ia de braço dado com um Sr. Já de idade mas homem de posição.
- Não ligue querida são pessoas daqui do bairro, gente que não tem que fazer senão meter-se na vida dos outros.O Sr.puxou-a pela mão e levou a loira pela rua fora até á entrada do carro descapotável e arrancou em direcção ao vento.