E não é que ela veio
Com uma saia curtinha
Mostrando tudo que tinha
Aquelas coxas de fora
Um dourado de aurora
Sinuosas como um rio
Ainda me chamou de tio
A fuxiqueira da vizinha
Que um dia será minha
Numa longa tarde de estio
Ela não serve pra santa
É sem vergonha e faladeira
Passa dizendo besteira
E sua voz se agiganta
Potente como jamanta
E leva tudo por diante
O sonho de ser amante
Cai de cima da terra
Pois a sua língua ferra
Qualquer volúpia picante
Ela passou do meu lado
Na calçada da minha rua
Com aquele andar de perua
Me deixa apalermado
O seu cabelo aloirado
Me enche de fantasia
Sonho de novo com a orgia
Mas eu sei que bruxas "hay"
E sou igual ao meu pai
Muito avesso a bruxaria
E o sonho se perdeu
De uma tarde de afagos
Nem que venham os reis magos
Não quero aquela chifruda
Bruxa feia e melenuda
Com um traseiro “bagual”
Que volte para o seu varal
Não tenho nada com isso
Recolho o meu caniço
E esqueço a bruxa sensual