------------- Bom de mais para ser cordel
------------- O poema é uma rosa
------------- Que sinto deliciosa
------------- Perfumada a odor de mel
------------- Mas com espinhos de fel
------------- Cravados na ilusão
------------- Com que alimento a paixão
------------- Que é a seiva de meu sonho
------------- E oh Musa... Como é medoho
------------- Duvidar desta razão.
------------- Bom de mais para ser vão
------------- O poema floresce
------------- Enfolha-se amante, cresce,
------------- Abre-se em pólen sultão,
------------- Dono total do pão
------------- Só de trigais floridos
------------- De esplendor ungidos
------------- Pelo êxtase sublime
------------- Que a pouco e pouco imprime
------------- Teu nome nos meus sentidos.
------------- Bom de mais entre os vencidos
------------- O poema é a espada
------------- Que se mantém embaínhada
------------- Na mão dos sonhos perdidos
------------- Que a vida quis rendidos
------------- E em silêncio deportados
------------- Na caravela dos fados
------------- Que escrevi para lembrar-me
------------- Do perigo de apaixonar-me
------------- Por amores já navegados.
------------- Bom de mais entre os mais nados
------------- O poema está nascer
------------- Prenhe de luz e prazer
------------- Sob anseios engradados
------------- Feito de versos soprados
------------- Por Ti, Musa inesperada
------------- Pela distância afastada
------------- Que me parece tão perto
------------- No grande e longo deserto
------------- Que me impele à caminhada.
------------- Bom de mais, oh Musa amada,
------------- O poema está aqui
------------- Vindo inteirinho de Ti
------------- Em pureza iluminada
------------- Por devoção e mais nada;
------------- Bom de mais pra se render
------------- Como outros que hei-de tecer
------------- Em permanente louvor
------------- Ao definitivo Amor
------------- Que se vive até morrer!
------------------ Torre da Guia -----------------
