O diabo foi honesto
E cumpriu o prometido
O rapaz já na cidade
Escutava o alarido
Que a princesa de repente
Começou ficar doente
Sem ter nada acontecido.
E o Rei apavorado
Vendo a filha sofrer
Prometeu a sua mão
Quem viesse socorrer
De um remédio pra curar
Pra daquele mal sarar
Veio o trono oferecer.
Com a notícia espalhada
E o povo na euforia
Uns levavam remédios
E outros a simpatia
Em ver a filha curada
E ter uma vida fadada
Com sabor de mordomia.
Depois que o povo tentou
E os remédios tomados
O rapaz chegou pro rei
Falou com muito cuidado
Eu sei como curar
E a sua filha salvar
Deste feitiço malvado.
Disse o rei com franqueza
Se curar a minha filha
Vai ter parte do reinado
Viverás na maravilha
Ela é moça donzela
Você casando com ela
Será membro da família.
O rapaz disse então
Deixe-me a sós com ela
Traga um copo com água
Vou tirar suas mazelas
Ela a água foi tomando
E a cada gole melhorando
Foi o fim de uma novela.
O rei cumpriu a palavra
Fez valer sua promessa
Com uma semana depois
O casamento foi com festa
O rapaz bem satisfeito
Comemorou do seu jeito
Sem ter nenhuma pressa.
A fama desse rapaz
Foi até onde não sei
Mas é que noutro reinado
Adoeceu a filha do rei
Lá aonde o diabo chegou
Mas a moça não curou
Não deu certo, imaginei.
E o rei desse palácio
Mandou um mensageiro
Para trazer o rapaz
Com fama de milagreiro
Mas o rapaz já sabia
Que lá ele não podia
Pois o diabo é feiticeiro.
Veio na sua lembrança
O que o diabo falou
Que lá no outro reinado
Ele era o morador
De tanto o rei insistir
Ele teve que partir
E pro castelo se mandou.
Cinco dias de viagem
Andando por muito chão
Até que de manhãzinha
Ele chegou no portão
Com o diabo ele topou
Que seu corpo amarelou
Quase morre do coração.
O rapaz astuciou
O que ia mesmo falar
Para o diabo não saber
Que veio a moça salvar
Nessa hora deu um grito
Lembrou da mulher do litro
E começou gaguejar.
Esta mi minha viagem
Que eu fafaço por aqui
Só fofoi pra lhe avisar
Que é pra você partir
Cheguei aqui meio aflito
É porque a mulher do litro
Está vivindo por aí.
E o diabo lembrou o dia
Que dona Maria lhe prendeu
Arrumou a sua trôxa
E para estrada correu
O rapaz foi ver o rei
Se salvou ainda não sei
Mas a moça não morreu.