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Cordel-->Prá você, Lili (Cobra-Norato) -- 18/10/2002 - 16:05 (Roberto Cursino de Moura) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
COBRA-NORATO

Nas águas do Rio Claro
Uma índia se banhava
Quando veio a Boiúna
E a tapuia engravidou.
Desta prenhez estranha
De cobra com mulher
Nasceram duas crianças
Que a tapuia batizou.
Uma menina e um menino
Vieram ao mundo de fato,
A Maria Caninana
E seu irmão Honorato.

Da cobra grande os dois filhos
Não podiam em terra ficar,
A mãe não teve outra escolha
Senão no rio os deixar.
Cresceram assim livremente
Nas águas do rio Trombetas
Nas marolas mergulhando
E bufando alegremente
Honorato era bom e forte,
Se alguém não sabia nadar
Honorato salvava da morte,
Não deixando se afogar

A grande e feroz piraíba
Com Honorato lutou
Por três dias e três noites
E o rio Trombetas deixou.
Á noite, para ver sua mãe
Subia até a barranca,
Tirava o couro escuro
E mostrava a pele branca
Quando clareava o dia
No último cantar do galo
No couro outra vez se vestia,
A água de novo a abraçá-lo.

Caninana sua irmã
Era violenta e má,
Nunca foi ver sua mãe,
Só gostava de matar.
Embarcações alagava,
E os náufragos matava.
Feria peixes pequenos,
Pescadores atacava.

Na igreja de Sant Ana
Dorme escondida na terra
Uma serpente encantada
Com a cabeça sob o altar
E a cauda dentro do rio.
Se a serpente acordar
Esta igreja irá cair
Maria Caninana
Pra ver a igreja ruir
Mordeu esta serpente,
Mas ela não acordou
Apenas se mexeu
E a terra então se rachou.

Por ser má e violenta,
Perfeito bicho-do-mato,
Maria Caninana morreu
Pelas mãos de Honorato.

Se tinha festa n aldeia
O encanto se findava
Cobra-Norato de novo
Em gente se transformava.
Nestas festas felizes,
Os velhos ele agradava
Conversava com os moços,
E com as moças dançava.
Depois da festa noturna,
No final da madrugada,
O filho da cobra boiúna
Voltava pra água gelada.

Três gotas de leite materno
Na boca da cobra medonha,
Uma ferida com ferro virgem
Na cabeça descomunal
Desfaria o feitiço eterno
Acabaria c o mal
O corpo seria queimado
E Honorato libertado
Do seu destino fatal.
Todo mundo tinha medo
De fazer este serviço
Nem mesmo a velha tapuia
Teve peito para isso.

Cobra Norato a nadar
Nas águas a assobiar
Pelo Amazonas subindo
Pelo Trombetas descendo,
Vagando desesperado
Aguardando remissão
Mesmo sem ter pecado.
Certo dia nadando
Pelo rio Tocantins
Chegou até Cametá
Saiu do couro da cobra
Foi dançar, beber, conversar.

E neste dia bendito
Um soldado ele encontrou
Pediu que o desencantasse
E o soldado concordou.
Com um vidrinho de leite
E um machado ainda virgem
Que nunca cortara pau
O soldado fez o certo:
O leite de mulher
Na boca da cobra pingou
A cabeça dela rachou
E Honorato feliz suspirou

Para queimar a cobra
Honorato foi ajudar,
As cinzas voaram ao vento,
Pra Honorato libertar,
Honorato ficou homem,
Encontrou casamento,
Ficou naquele lugar.
Muitos anos se passaram,
Honorato morreu de velho
Sem sair de Cametá.
Não há hoje quem desconheça
Cobra-Norato no Pará.



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