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Cordel-->Joãozinho vai à escola (II). -- 17/01/2003 - 07:36 (Elpídio de Toledo) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos







Professor com raiva, até

de alunos mui caturros,

diz:_Que se ponham de pé

os que se julgarem burros.
 


Todos ficaram sentados,

só Joãozinho levantou.

E, diante de tais dados,

o professor perguntou:
 


_Então, você burro é?

_Negativo, diz Joãozinho,

mas, no senhor tenho fé.

Não deixo o senhor sozinho.
 

***


Dia de prova oral,

professora se prepara

pra evitar o banal

e fazer pergunta rara.
 


E o diretor prossegue,

fazendo-se de fiscal.

Não quer que Joãozinho negue,

no boletim põe aval.
 


E bem atrás dele fica,

pra qualquer eventual.

A professora pinica.

Joãozinho diz:_Não faz mal!
 


Lápis dela vai ao chão,

e pegá-lo é um custo:

_Capital do Maranhão?

(Agacha e mostra busto).
 


_Peitinho maravilhoso!

Foi a resposta do João.

Levou zero horroroso

e mais uma repressão.
 


Virou-se pro diretor

e, com olhar de traição,

pediu pra fazer favor

de nunca mais soprar não.



***


Pai de João apavorou,

quando viu o boletim:

_O meu tempo já passou,

mas, não era tudo assim.
 


Nota baixa, só com surra.

_Legal, disse o Joãozinho,

Vou aprontar uma curra

pra esse professorzinho.



***

_Conjugação. Explicita

a mestra ao Joãozinho:

_Se eu digo "fui bonita"

é passado, no verbinho.



Se eu digo "sou bonita",

dirias pra toda classe,

do verbo que se recita

um tempo que concordasse?



_ Mira no espelho! Olha!

O seu tempo já passou.

Dizer isso é mentira!

E a ninguém agradou.



***



Em "Noções de Hospital",

pede a mestra pra trazer

exemplares contra o mal,

e pra que serve dizer.



Cíntia leva bisturi

que a sua mãe lhe deu:

_Corta até bacuri!

Pra que serve, respondeu.



Tim levou uma seringa

que tirou do padrasto:

_Serve mais é pra pôr pinga

e injetar no nefasto.



Termômetro, do seu pai,

levou o Kiko pra aula:

_Se cair no chão, ai, ai,

meu pai me porá na jaula.



E Joãozinho, quê que trouxe?...

um balão de oxigênio

sob o braço, sem afrouxe,

e conforme o convênio.



_Meus parabéns! Diz a mestra,

"quem lhe cedeu essa bala?"

Dançando boi-de-orquestra,

ele se apronta e fala:



_Retirei-a da vovó!

_E o que ela lhe disse?

_Devooooolve!Estou piooooor!

__Saí sem que ninguém visse...


***


E, durante o jantar,

Joãozinho, mui curioso,

dispara a perguntar

sobre papai silencioso:



_Por quê que ele é careca?

_Porque pensa e é sábio!

Diz a mamãe ao sapeca,

"não é nenhum alfarrábio!".



_Mas, por quê você tem cabelo?

Pergunta a criatura.

Ela responde com zelo:

_Psiu! Coma logo a verdura!



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