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Cordel-->O relâmpago e o rai(o) do repentista -- 24/01/2003 - 09:27 (Elpídio de Toledo) |
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Mineiro inda não sabe:
barraquinha que se preze,
e não quer que se acabe,
precisa de um que reze.
Hoje não tem mais repente,
todo mundo se afasta.
Se algo no bolso sente,
é relâmpago que arrasta.
Motivado pelo crime,
de não ter o que comer,
qualquer um entra no time
e carteira vai bater.
O prefeito, de repente,
paga pra um vir cantar
para o povão decente,
que na praça vai comprar.
Pondo a boca no trombone
o cantor vai mal falar
de barraca que é clone,
se o prefeito mandar.
De repente, faz um verso
e põe viola a tocar.
A verdade ao reverso
é que vai predominar.
Não importa o que diz,
mais vale o seu cantar.
O povão, que pede bis,
moedinhas vai deixar.
Para ser um repentista
é preciso ser fominha
e estar nalguma lista,
duma cidade vizinha.
A lista de donativos
é a sua preferida.
De pena, ficam cativos
os seus fãs da avenida.
A fome é que produz
o seu melhor repertório.
Ao seu lado, põe a cruz
e pede um adjutório.
Quando você for à terra,
leve sempre um trocado
pra alegrar a quem berra
na praça, como veado.
Não repare na frescura
dele, que não é perfeito.
Em nome da prefeitura,
ele canta do seu jeito.
Se lhe falta emoção,
ele vai lhe inspirar
com cordas de violão
e o que improvisar.
Escolhe tema do dia
conforme o que se dá:
faz tristeza e alegria
pra você o seu deixar.
É difícil esquecer
quem, de repente, na praça,
querendo só entreter,
trabalha com sua graça.
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