Soando em surdina, o som!
Nas variáveis candeias
Nessa neúra pragmática
Piando as corujas feias
Embolando o sentimento
Nas esperas do momento
Do escape dessas teias.
Vou dilatando as veias
Aonde o sangue não vai
No vínculo adormecido
Na fria espera que cai
Navego mar revoltado
E no corpo abandonado
Junto o desgosto que sai.
Quando o sobejo recai
No sangue acelerado
Explode na imensidão
Fruto falho e refugado
O vento sopra ao contrário
Sofre pena o profanário
Fica bruto e desalmado.
Sinto o porvir desgraçado
Numa escrita tenebrosa
Na torre fria masmorra
Onde nasce a negra rosa
Com aroma discrepante
Tem espinho perfurante
Realidade desastrosa.
Na crueldade perigosa
Desencadeia o conflito
Minha reza não propaga
E ninguém ouve meu grito
Estou no vácuo a vagar
Sem porto para aportar
Nesse meu cantar aflito
Só no funesto descrito
Destroços da tempestade
Ando na estrada sem luz
Mato a fome em caridade
Minha sede não traduz
Somente ao nada conduz
Numa errante nulidade.
Sentindo a necessidade
Vagando na escuridão
Procurando meu destino
No meio da multidão
Silêncio na minha voz
E numa tortura atroz
Incorporo a solidão.