O nordeste brasileiro
Hoje vou homenagear,
Da maneira diferente
Do povo de lá falar.
Longe de ser esquisito,
Eu acho muito bonito
E de ótimo paladar.
O que é bom é massa,
Se é miúdo é pixotinho.
Magro e alto é galalau,
Se é querido, meu bichinho.
Botão de som é pitôco
Se for resto é cotôco
Pão de sal é cacetinho.
Chicote se chama açoite,
Tá de fogo, tá bicado.
Pernilongo é muriçoca,
Quem tem sorte é cagado.
Medroso se diz frouxo,
O franzino lá é xôxo,
Tá folgado é afolozado.
Sujeira de olho é remela,
Rir dos outros é mangar.
Tudo que é ruim é peba,
Faltar à aula é gazear.
Quem não paga é xexêro,
Quem dá furo é fulero,
Vai sair, diz vou chegar.
O bobo se chama leso,
Tá com raiva é invocado.
Cabra sem dinheiro é liso,
O sovina é amarrado.
A moça nova é boyzinha,
Arenga é uma briguinha,
Desarrumado é malamanhado.
Pedaço de pedra é xêxo,
Pão bengala é tabica,
Patrimônio é cabedal,
Barão, pra gente rica.
Se tá cheio tá abusado,
O maluco é abilolado,
Se faz fofoca, cê fuxica.
Meleca se chama catota,
Catinga de suor é inhaca,
Gente insistente é pegajosa,
Se entra sem licença emburaca.
Se é lerdo, é atoleimado,
O atrevido é atirado,
Apanhar é "cair na taca".
Pessoa triste é borocoxô,
Na marra é “a culhão”.
Estouro se chama pipôco,
Rolo é quando há confusão.
Se tá sujo é abesuntado,
Tá nervoso é apoquentado,
Cinto aqui, lá cinturão.
São tantas as expressões,
Que eu poderia ficar
Dias a descrevê-las
Sem um fim alcançar.
Por isso, aqui termino
Homenagem ao nordestino,
Que não se cansa de lutar.