Sentado nesta cadeira,
Sem nada para fazer,
Fico pensando besteira,
Querendo me entreter;
Quem sabe, um cordel,
Aí pego caneta e papel
E começo a escrever.
O assunto não chegou,
Não me veio o “achado”;
Talvez crime em Moscou
Ou presidente assassinado.
Despacho essa tal morte,
Procuro uma melhor sorte,
Um presidente empossado.
A posse foi muita alegria,
Mas o assunto se esgotou,
Pra mais de quarenta dias
E ainda quase nada mudou.
Só para sentir o blefe,
Ainda nem tenho chefe,
Pois o homem não nomeou.
Não perca a esperança,
Uma voz distante me diz,
Coloque na sua lembrança
A imagem dum povo feliz;
Café, almoço e jantar,
Motivos para comemorar,
Comer o que sempre quis.
E o povo comendo, então,
Terá muito mais amor,
Mais força e mais paixão
Pra seguir no duro labor.
Mas será que satisfaz?
Não merece o povo mais?
Por tudo que já passou?
Onde eu quero chegar?
Você tá querendo saber,
Continue a me acompanhar,
E mostrarei tudo a você,
O que penso no momento,
E se é meu pensamento,
Muita gente o deve ter.
Eu sou um simples mortal
E já passei necessidade,
Não acho que seja imoral
Buscar a dona felicidade.
Não que o povo seja ingrato,
Mas só com comida no prato
Não vai conseguir dignidade.
Aqui eu queria chegar,
Nessa tal dignidade
Que tanto se ouve falar,
Mas o que é de verdade?
Seja velho ou criança,
Dignidade é esperança,
É honra e honestidade.
É por si mesmo ter respeito,
Ter amor próprio e brio,
Sentir o coração no peito,
Encarar sem medo o desafio,
Mesmo prestes a sucumbir,
Olhar o próximo e sorrir,
Apesar do intenso frio.
É não abandonar a corrida,
É preservar sua liberdade,
Lutar por qualidade de vida,
Ser respeitado na sociedade.
É ser tratado como gente,
Velho, criança ou adolescente,
Todos têm direito à dignidade.
Encerro aqui, neste momento,
Desejando a justiça social,
Pois dignidade é fundamento
Na nossa Constituição Federal.
Não sou nenhuma mente insana,
Apenas quero dignidade humana
E preservação da liberdade individual.