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Cordel-->Um dia de muito azar -- 20/03/2003 - 18:14 (Daniel Fiúza Pequeno) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Um dia de muito azar


Autor: Daniel Fiúza.
20/03/2003

Acordei de mau humor
Com o meu ovo virado
A garganta muito seca
E o fígado mei zangado
Tava c’a gota serena
A paciência pequena
E o corpo todo ferrado.

Num pesadelo abalado
Suado eu despertei
Deu logo câimbra na perna
E nessa dor eu gritei
Uma hora de massagem
Já levantei sem coragem
No sofrimento chorei

Ao levantar tropecei
Bati meu quengo na porta
Soltei logo um palavrão
Minha sorte tava torta
Senti uma dor da molesta
Fiquei com galo na testa
Xinguei até gente morta.

De repente faltou luz
E uma chuva forte caiu
Foi bem na hora do banho
Vá pra puta que o pariu
A água desceu gelada
Após a quente danada
Quase fudeu meu pipiu.

Quando fui fazer a barba
O banheiro tava escuro
Eu cortei o rosto todo
O sangue jorrou no muro
Mordi a língua ao gritar,
Pois papel não tinha lá
Nada era muito seguro.

Quando fui tomar café
Não notei que tava quente
Queimei minha boca toda
Na hora fiquei valente
Pisei no rabo do cão
O bicho mordeu minha mão
Escorreguei no batente.

O cunhado deixou o carro
Sem nenhuma gasolina
E com um pneu furado
Foi terrível minha sina
Num dia muito azarado
Que mal tinha começado,
Mas sem saber se termina.

Resolvi voltar pra cama
E fui dormir novamente
Nesses dias eu não saio
para evitar acidente
Quando o urubu é macho
De cima caga o de baixo
Na hierarquia indecente.


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