Foi durante um dia santo
Que se deu o acontecido
Numa cidade pequena
Por um cortejo assistido
Fora a grande multidão
Só nos olhares e ouvido.
Ali estava os devotos
Nas suas rezas ou conversa
Em cantos e orações
Outros pagando promessa
Beatas nas ladainhas
E padres com muita pressa.
Seguindo por todas ruas
Aquele povo em devoção
Um grande cordão de gente
Seguindo em procissão
Pra pagar seus pecados
Clamar a santa por perdão.
A procissão segue em frente
Passando por bela praça
Na esquina tinha um bar
Um homem bebia cachaça
Já tava meio alcoolizado
Foi dando o ar da sua graça.
Olhou pra santa no andor
Falou meio de gagueira:
- Olha a mangueira aí gente!
Houve logo uma carreira
Para bater no bêbado
Que falou aquela besteira.
Achavam um sacrilégio
Uma tamanha ousadia
Inspirado pelo cão
Falado naquele dia
O bêbado levou porrada
Por ter dito uma heresia.
De repente o aquela santa
Espatifou-se inteira
Batendo num grande galho
Duma tremenda mangueira
Que estava no caminho
Logo acima da ladeira.
- Bem feito! Disse o ébrio.
- Bem que eu tentei avisar
Ninguém quis nem me ouvir
E nem sequer quis olhar
Tô bebo, mas não tô cego!
Não merecia apanhar.