Meus prezados camaradas
Lhes ofereço um cordelzinho,
Sem nenhuma pretensão,
Somente pra rir um pouquinho.
É a história de Zé João,
Que adorava um bom feijão,
Bem saboroso e assadinho.
Zé João, quando comia
O saboroso feijão assado,
Lhe causava uma reação
Que o deixava envergonhado.
Era tanta falta de sorte,
Embaraçoso e muito forte,
Soltava gás pra todo lado.
Num belo dia, o peidão
Por Florisbela se apaixonou,
Propôs a ela matrimônio
E uma coisa lhe preocupou:
Com ele ela iria morar,
Mas os peidos não ia aguentar,
Então os feijões deixou.
Já passado algum tempo,
Pra casa voltava Zé João,
Quando seu carro quebrou
Bem longe de seu casarão.
Telefonou para sua mulher:
Ia atrasar, pois estava a pé,
Fique calma, se avexe não.
No caminho um cheiro sentiu,
O aroma de feijão assado,
Possuído por um forte desejo,
Depois de tantos meses passados.
No restaurante resolveu entrar,
Uma légua depois ia andar,
Até lá o gás teria cessado.
Três belas porções devorou,
Pro rumo de casa partiu,
Durante todo o caminho
O mal cheiro o perseguiu.
Peidava em cada descida,
Mais ainda quando era subida,
Muita bala prum só fuzil.
Florisbela o esperava na porta,
Anunciava uma bela surpresa,
Pôs uma venda nos olhos dele
E o encaminhou até a mesa.
Numa cadeira ele se sentou,
De repente o telefone tocou,
Eu atendo, lhe disse a princesa.
Ficou ali de olhos vendados,
Prometera nada olhar,
A mulher, um pouco distante,
No telefone a conversar.
Deu vontade, naquela hora,
Ergueu a perna e um foi embora,
Alto e fedido, pior que gambá.
Fedeu mais que ovo podre,
Ele deu uma bela respirada,
Parou um pouco, sentiu a carniça,
Em sua volta deu uma assoprada,
Quando melhoras começou a sentir
Um outro pum começou a sair,
Entortou-se e foi aquela rajada.
Parecia um motor a diesel,
Com um cheiro muito pior,
Pra não engasgar com aquilo,
Ele abanou o ar ao redor
Com as mãos pra lá e pra cá,
Para a podridão dissipar,
Mas um outro veio sem dó.
Ele deixou o torpedo sair,
E este foi super campeão,
As janelas chacoalharam
Com o som do grande trovão.
Os pratos da mesa tremeram,
As flores da sala morreram,
Tudo era pura podridão.
Zé João se sentia tranquilo,
Ouvindo a mulher conversar,
Era peido em cima de peido,
O diacho não queria parar.
Seguia os gases soltando,
Com as mãos ia abanando
Pra fazer o mal cheiro passar.
Quando ouviu a mulher retornar,
Acabando com a sua solidão,
Ajeitou-se bem na cadeira,
Sobre a mesa colocou as mãos.
Ainda de olhos vendados,
Feliz e bastante aliviado,
Sorriso aberto de satisfação.
Desculpando-se pela demora
Florisbela à mesa retornou,
Deu um beijo em sua face
E a venda dos olhos retirou.
Ficou branco o nosso Zé João,
Amaldiçoou o maldito feijão,
Uma cena de choque e horror.
Doze pessoas em volta da mesa
E o peidão não havia percebido,
A mulher, com todo o carinho
Queria surpresa para o marido.
Chefe, colegas e muitos parentes
Aceitaram o convite, todos contentes,
E o maldito feijão ele tinha comido.