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Cordel-->A tese da perversidade IV -- 17/04/2003 - 12:31 (Elpídio de Toledo) |
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Clic"ali ==>>>>A tese da Perversidade
Em toda economia
há um perverso efeito,
quando na regra se fia
de um mercado perfeito,
o que se auto-regula,
com seus preços e salários,
se o Poder o anula
com regras pra salafrários.
Mexer nos maus resultados,
querendo lhe regular,
com atos intencionados
pra renda equilibrar,
é fria, dizem os sábios,
muito contraproducente.
Em todos os alfarrábios,
isso é coisa patente.
E oferta e procura
são logo examinadas,
provando a quem as fura
que surgem as marmeladas.
Se pr"um pãozinho francês
a farinha já sumiu,
é porque pr"outro freguês
pr"outras coisas já serviu.
Assim, o preço subiu,
quando queriam baixá-lo.
A farinha ninguém viu
como fonte do abalo.
Salário-mínimo dobre,
e já vem o desemprego.
Querendo ajudar o pobre,
este perde seu sossego.
Mas quem fica no trabalho
faz crescer a produção,
cria sempre um atalho
e reduz a perdição.
Isso obriga ao patrão
pagar o salário justo,
pois recebe um bilhão
pela redução de custo.
Uma lei pra fome zero,
assistência social,
põe o mercado mui fero,
julgando-a sempre mal.
Dizem que o homem tende
a do ócio mais querer,
e tal medida ascende
a preguiça pra valer.
Querendo aliviar
o sofrimento da plebe,
a pobreza faz grassar,
quando isso se concebe.
Evitando o mendigo,
criaram classe legal.
Aumentou o desabrigo,
a miséria foi geral.
Tentando prover os pobres,
produziram mais pobreza
investiram muitos cobres,
mas ninguém quis pôr à mesa.
Mas, salário indireto,
para quem ganhava pouco,
foi o que manteve reto
o empregado amouco.
Tiram o pobre da rua
e o levam pro asilo,
a pessoa que tá nua
não pode dar um estrilo.
Ele ganha uniforme,
fica longe da família,
lá come, bebe e dorme,
segue bem a apostília.
Quando morre inda serve
pra uma dissecação,
a escola nele ferve,
pra fins de educação.
Criaram um paradigma:
política social
aumenta mais o estigma,
se ato governamental.
Lei faz reforma agrária,
e dá toda condição
pro colono ter a área,
e ser o próprio patrão.
A família toma posse
e fica bem assentada.
Sem que ninguém a acosse,
apronta uma jogada.
Sobe ao pé lá da serra
pra vender a sua gleba.
Movimento dos sem-terra
produz mais é tatupeba.
Dá-lhe duas alegrias
sítio bom, que lhe atende:
Na compra dá euforia,
qual na hora que o vende.
A prefeitura dá casa
pr"alguém sair da favela.
A venda o atenaza
e ele volta pra ela.
Dizem que é arrogante
quem julga desta maneira,
a um pobre ignorante
não se nega a esteira.
Inda mais depois da guerra:
areia é de primeira
pra quem não tem sua terra
começar a sementeira.
Depois desta, no Iraque,
que será daquele povo?
Eu nunca vi tanto saque
feito sem nenhum estorvo.
Melhor política há?
Uma centena de mísseis,
na casa do marajá,
acaba com causas difíceis?
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