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Cordel-->Pugna entre DAUDETH e WERGNIAUD -- 03/06/2003 - 11:32 (Daudeth Bandeira) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Pugna entre DAUDETH e WERGNIAUD

O REINO DE ANTENOR E A SOMBRA DO JATOBÁ
Daudeth Bandeira (DB) e Wergniaud Breckenfeld (WB)

De santuárias ribeiras
E gloriosas entranhas,
São João do Rio do Peixe
E São José de Piranhas,
O menestrel Vergniaud
Num site desafiou
O Ás Daudeth Bandeira,
E vêm crescendo os insultos
Entre esses grandes vultos
Da cultura brasileira.

São João contra a São José
Parece uma guerra santa.
Mas é que virtualmente!
Um poeta se levanta...
Contra outro esplêndido vate
E propõe-lhe um debate
De alta categoria;
Usando como armamento
Retórica, conhecimento,
Eloqüência e POESIA.

São dois referenciais!
Um de lá outro de cá:
O Reino de Antenor
E a Sombra do Jatobá.
Cajazeiras “acuada”,
Se sente fragilizada,
Por estar no entremeio,
E teme ser atingida
Por ação mal dirigida
No virtual bombardeio.

Dentro do ciberespaço
Está pronto o território.
As lutas serão on line,
Vista por um auditório
Formado de internautas,
Que recebem dos arautas
A seguinte informação:
O pugnador DAUDETH
Acessou a internet
E deu o primeiro empurrão:

PRIMEIRO EPISÓDIO

DB
Sou filho do município
De São José de Piranhas,
No pé da serra do “Braga”
Onde as ibiratanhas
Crescem tanto que parecem
Desafiando as montanhas.

WB
E eu nasci no antigo
São João do Rio do Peixe,
Onde o milho dá de ruma,
E o feijão vinga de feixe,
E Só deixa de produzir
Se Jesus pedir que deixe.

DB
Gado no meu município
Cria-se solto na mata.
Qualquer vaquinha pé-duro,
Dessas da cabeça chata,
Dá trinta litros de leite,
E mais da metade é nata.

WB
Lá no meu quintal tem cabra
Que numa árvore se trepa
Com as tetas quase secas
Não se corta nem se estrepa,
E jorra mais leite dos peitos
Do que água na CAGEPA.

DB
Lá no chão Jatobaense
Os animais têm valor.
Cachorro caça sozinho,
E por grande que a caça for,
Pega, mata e vai deixar
Na casa do caçador.

WB
Com tecido multicor,
Aranha, no meu lugar,
Tece para fazer rede
Sem usar nenhum tear
Com punhos e armadores,
Já pronta pra balançar.

DB
A graúna Piranhense
Na amanhecência do dia
Nas palhetas de um coqueiro
Canta com tanta harmonia
Que as águas tremem no rio
E o mangueral se arrepia

WB
Abelhas de aripuá
Sem ajuda de ferrão,
Fabricam mel, rapadura,
Colocam doce em melão,
Fazem cera para vela
Sem ganhar nenhum tostão.

DB
Lá comemoramos juntos
“O dia das mães coelhas”
O desfile das marrecas
A procissão das ovelhas
A dança das borboletas
E coquetel das abelhas

WB
São João do Rio do Peixe
Abrangente é o teu nome.
Teu rio nos mata a sede,
Teu peixe nos mata a fome,
Teu santo nos salva a alma
Do pecado que consome.

DB
Pense numa coisa linda
É meu pé de Jatobá
As pontas das suas galhas
Roçando no Ceará
Como quem estão querendo
Passar pro lado de lá.

WB
Famílias Dantas Rothéia
Foram nossos fundadores
Daí os seus descendentes
Foram de nós precursores
Verdadeiros responsáveis
Pelos dias promissores.

DB
No Jatobá, a POESIA
É como batata na leira,
Pedro, João, Chico e Daudeth,
Quase uma família inteira
De poetas cantadores
Netos de MANUEL BANDEIRA.

WB
São João, meu berço querido,
Terra de muitos valores
Ribeira de várias fontes
Celeiro de trovadores
Morada de dinossauros
Pousada de aboiadores.

DB
Vá ver no meu Jatobá
Os forrós, as vaquejadas,
As moagens de engenho,
Os dias de farinhadas
E as serenatas românticas
Em noites enluaradas.

WB
De Luiz Dantas Quesado
Restou imortalidade;
Seus versos impregnados
Ecoam na imensidade
Como quem vem nos dizer:
Voltarei com brevidade.

DB
O Jatobá é a terra
De um tal Renato Morais
Arrancador de botija
Com preciosos metais,
E dizem que ele está
Bilionário em Goiás.

WB
E Euríclides Formiga
Memória fenomenal.
Reproduzia um soneto
Começando do final.
Em cima da velha terra
Talvez não haja outro igual.

DB
E se você não sabia,
Meu Jatobá é o chão
De Napoleão Ribeiro,
Sertanejo valentão,
Que passou mais de dez anos
Perseguindo Lampião.

WB
E por falar em Lampião,
Esse quis passar por lá;
Mas quando viu a igreja
Seu EGO disse: não vá,
Se for vai cair nas armas
Dos cabras de Padre Sá.

DB
Vá conhecer Jatobá,
Fazer procissão a pé,
Do Riacho do Zé Pedro,
Da Várzea e do Cacaré,
Para as comemorações
da festa de São José.

WB
Conheça Brejo das Freiras,
Fonte térmica esplendorosa,
Além de ser um oásis
De água miraculosa,
A vista é paradisíaca
E a lama milagrosa.

DB
Meu açude boqueirão
Igual a ele não há,
Banhando as glaucas barreiras
Do rio Tamanduá,
Perto de Piranhas Velhas
Que originou Jatobá.

WB
E o açude de Pilões
Com a forma exuberante,
Mata a sede do seu povo,
Dá riqueza ao irrigante,
Com peixes e cereais
Pra o comércio do feirante.

DB
Inacinho, João Guiné,
E Otácio, velhos de guerra,
Os três maiores vaqueiros
Que houve na minha terra,
Seus aboios se repetem
Em toda aba de serra.

WB
Belas como as São Joanenses,
Ainda não vi igual,
Uma desfilou no Rio,
Nos dias de carnaval,
E outra até foi chamada
Pra ser miss universal.

DB
O Jatobá é, sem dúvida,
O ícone do meu sertão,
As galhas me deram sombra,
Os frutos me deram pão,
Que a massa da sua “bagem”,
Serve de alimentação.

WB
Eu vim lá do meu sertão,
Do reinado de Antenor,
Doidinho pra enfrentar
Um poeta cantador,
Daqueles mais afamados,
Com anelão de doutor.

DB
Tenha calma Wergniaud,
Volte para sua terra !
O mundo pedindo paz
E o senhor pedindo guerra,
É numa tolice dessas
Que um grande homem se ferra.

WB
Daudeth velho de guerra
Esqueça advocacia,
Deixe as varas trabalhistas,
O fórum, a delegacia,
Corra dos livros das leis
E se valha da POESIA.

DB
Membro dessa academia
Não é qualquer um que nasce.
Passar no vestibular
Pra ingressar nessa classe,
Sem ter nascido poeta,
Duvido que ele passe.

WB
Pois, Daudeth, em prima face
Exponha os seus requisitos,
Se é um grande causídico
E se faz versos bonitos,
Me dê licença que eu vou
Mergulhar nos seus escritos.

DB
Conheço bem os dois ritos:
Poético e processual,
Lei, razão e emoção,
Eu conheço por igual,
Não existe outro conceito,
Sou tridimensional.

WB
Nesse vôo transcendental,
Eu sou profeta profundo,
Faço verso, invento rima,
Metrifico num segundo,
Tem muita gente pensando
Que eu não sou deste mundo.

DB
Meu saber é oriundo
De uma escola itinerante,
Onde formou-se Aristóteles,
Homero, Platão e Kant,
Crítias, Timeu e Pitágoras,
Tales, ........ e daí por diante.

WB
Minha fonte é abundante,
Não há quem chegue ao final,
É medida sem limite,
Escala sem numeral,
É farol de muitas chamas
Com poder universal.

DB
Meu artefato verbal
É um tiro de escopeta,
Cada palavra que solto
Pesa mais do que marreta,
Se você não tem bagagem,
É melhor que não se meta.

WB
Eu sou como caixa preta,
Com segredo confinado,
Tenho BIP e tenho senha,
Pronto pra ser disparado,
Com efeito fulminante,
Quando for acionado.

DB
Amigo, eu sou um tornado,
Da linha do Equador,
Daqueles que arrastam prédio,
Casa, caminhão, trator,
Pense, eu passando por dentro
do Reino de Antenor !

WB
Sem sentir nenhum temor
Com você na minha frente,
Vou mostrar como se faz
Uma fábrica de repente,
Sem mexer nem dois por cento
Na caixa da minha mente.

DB
Desembaraçadamente
Não engancho nem emperro,
Sendo de ferro eu entorto,
Sendo de madeira eu serro,
Sendo no mar eu afogo,
Sendo no chão eu enterro.

WB
Eu sou como um trem de ferro,
Atravessando a Suíça,
O seu é muito atrasado,
A todo momento enguiça,
Que vai bem devagarinho,
Como quem está com preguiça.

DB
Minha sentença é maciça,
O meu texto é deslumbrante,
Dentro de qualquer diálogo
Minha palavra é marcante,
Mas pra esse desafio,
Minha postura é farsante.

WB
DAUDETH tu és brilhante,
poeta de muita cancha,
que dá nó na POESIA,
que nenhum outro desmancha,
faz chacota com colegas,
porém comigo se engancha.

DB
Nossa luta se desmancha,
Sem ficar mancha nem ódio,
Terminemos nossa PUGNA,
Subamos juntos ao pódio,
Marquemos um novo dia,
Para mais um episódio.

FINAL DO ATO, ....



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