(em fevereiro deste ano; por isso, o meu desengano)
Abra o Olho, Companheiro Lula
(por Domingos Oliveira Medeiros)
É claro que ainda é cedo
Pra cobrar do presidente
As promessas de palanque
Que Lula fez para a gente
Mas temo que a planta cresça
Antes que o mal apareça
O corte tem que ser rente
Mal, se corta pela raiz
Não se deve subestimar
No início tudo são flores
Mas o dia há de chegar
A realidade aparece
E o mato logo cresce
Fica ruim de aparar
Por isso, não custa nada
A gente querer ajudar
Mostrando que o presidente
Precisa urgente mudar
Todo o seu planejamento
E o seu comportamento
Depressa pra outro rumar
Pra aumentar a confiança
Superávit elevado
É medida que não presta
Só interessa ao mercado
O mercado financeiro
Que só vive de dinheiro
Do dinheiro emprestado
Até o famoso Delfim
Aquele que é deputado
Já deu sua opinião
De quem conhece o riscado
Conquistar a confiança
E depois encher a pança
Com o dinheiro arranjado
Essa história é bem antiga
Primeiro, é preciso crescer
Depois do bolo crescido
A gente começa a comer
Com a redução do juro
Governo sai do apuro
É só esperar para ver
E assim, de bolo em bolo
Todo mundo é embolado
O país não sai do canto
Sempre mais endividado
A saída é costumeira
Não há que haver chiadeira
O orçamento é cortado
Surge o primeiro pacote
Medidas anunciadas
Para o contingenciamento
Medidas nada engraçadas
Garantem o Fome Zero
Comer e tudo que espero
Promessas já saturadas
E a panela no fogo
Espera o feijão doado
Fome maior do que zero
O bucho esvaziado
O povo segue a rotina
Permanece a sua sina
Continua esfomeado
Quatorze bi o tamanho
Do que deve ser cortado
Quatorze são as medidas
Do pacote anunciado
O país já tem futuro
Saiu de cima do muro
E voltou para o passado
Passado do presidente
O presidente Cardoso
Que via sempre um futuro
Muito belo e grandioso
Um país bem diferente
Para o bem-estar da gente
Homem bom, mas enganoso
De tanto enganar a gente
Sem fazer qualquer previsão
Deixou de lado o presente
E veio a escuridão
Esqueceu do investimento
Para o povo um sofrimento
Com a história do apagão
Por isso, meu caro Lula
A hora começa agora
Não adianta protelar
O juro não se demora
Pro fundo, dinheiro tem pressa
Conversa, não interessa
Não respeita nem a hora
A hora de um presidente
Muito bem intencionado
Que quer mudar este país
Que tá todo endividado
Por conta da especulação
De agiotas de plantão
Foi todo mundo avisado
Que tudo seria mudado
Não haveria a inflação
Nem o câmbio flutuante
Ajudará mais o ladrão
Se a economia vai mal
Quem sofre é o social
Que fica sem seu feijão
Por isso, meu companheiro
Atente para o recado
Faça todo o prometido
Deixe a intriga de lado
Vamos pintar o Brasil
De verde, amarelo e anil
Basta ser bem governado
Domingos Oliveira Medeiros
11 de fevereiro de 2003 -